Astronomia

Campo magnético solar: um enigma que intriga há 400 anos

Esse campo é gerado cerca de 32 mil quilômetros abaixo da superfície solar, o que contradiz teorias anteriores, que sugerem uma profundidade bem maior: ao menos 210 mil quilômetros.

O campo magnético do Sol é essencial para regular a atividade do astro e tem forte impacto sobre as telecomunicações na Terra, incluindo o acesso a satélites e à internet. Agora, uma equipe internacional de pesquisadores diz estar cada vez mais perto de compreender as suas origens, um mistério que há pelo menos 400 anos intriga os cientistas, incluindo o astrônomo Galileo Galilei. 

Desde a primeira observação da atividade magnética do Sol, os astrônomos lutam para identificar a origem do processo. Após executar uma série de cálculos complexos num supercomputador da Agência Espacial Norte-Americana (Nasa), os pesquisadores descobriram que o campo magnético é gerado cerca de 32 mil quilômetros abaixo da superfície solar. Isso contradiz teorias anteriores, que sugerem uma profundidade bem maior: ao menos 210 mil quilômetros. 

Segundo os autores do estudo, publicado na revista Nature, a descoberta não só ajuda a compreender melhor os processos dinâmicos do Sol, como pode ajudar os cientistas a prever com mais precisão tempestades solares poderosas. Em maio, uma abundância de eventos do tipo proporcionou vistas lindíssimas da aurora boreal, mas trata-se de um fenômeno capaz de causar destruição de satélites, redes elétricas e sistemas de comunicação de rádio. 

Torção

Para resolver o enigma, os pesquisadores desenvolveram simulações numéricas de última geração para modelar o campo magnético do Sol. Ao contrário dos modelos anteriores, o novo leva em conta oscilações de torção — um padrão cíclico de como o gás e o plasma fluem dentro e ao redor do astro. 

"Compreender a origem do campo magnético do Sol tem sido uma questão em aberto e é importante para prever a atividade solar futura, como erupções que podem atingir a Terra", disse o coautor do estudo, Daniel Lecoanet, da Universidade de Northwestern, nos Estados Unidos. "Esse trabalho propõe uma nova hipótese sobre como o campo magnético do Sol é gerado, que melhor corresponde às observações solares e, esperamos, poderá ser útil para fazer melhores previsões da atividade solar." 

 


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