Um caso que ocorre uma vez a cada dois milhões de nascimentos. Dois meninos siameses de 3 anos de idade, nascidos na Indonésia, apresentam uma formação rara: o corpo deles é fundido na região da pelve. Os gêmeos têm duas pernas separadas por uma genitália masculina e um ânus, quatro braços separados e uma perna fundida — que pode ser movida e sentida pelos dois.
Os órgãos internos também são compartilhados: apenas uma bexiga, um intestino e um reto. Com isso, eles são um tipo de gêmeos siameses considerados inseparáveis. O caso extremamente raro foi publicado no jornal científico American Journal of Case Reports, na terça-feira (14/5), com detalhes surpreendentes da complexa cirurgia que eles passaram para conseguirem ficar sentados — como a posição dos troncos dos gêmeos era horizontal, eles não conseguiam se sentar ou ficar em pé.
Antes dos gêmeos, os pais tiveram dois filhos, sem anomalias congênitas. A gestação dos siameses ocorreu sem problemas. No entanto, quando eles nasceram e a anomalia foi identificada, os pais raramente os levavam para exames hospitalares, já que moravam em uma área rural.
A operação ocorreu no Hospital Geral Hasan Sadikin, em Bandung, na Indonésia, e só recebeu autorização após diversas reuniões do Comitê de Ética da unidade com os pais dos meninos. “A raridade de gêmeos siameses ischiopagus tripus dificulta a separação cirúrgica, pela falta de casos e alta complexidade”, informam os médicos no relatório da cirurgia.
A operação teve como objetivo a desarticulação da perna fundida, seguida de uma correção no alinhamento do tronco por meio de uma osteotomia pélvica em cunha fechada e fixação interna. “Reconstruímos a pelve com sucesso usando placas bloqueadas e parafusos corticais adicionais de 3,5 mm e fio de aço inoxidável de 1,2 mm”, informa o relatório médico.
O procedimento foi realizado por três cirurgiões ortopedistas. "O tempo intraoperatório e o volume de sangramento não foi além do esperado e não ocorreram complicações pós-operatórias", informa o relatório médico.
Eles precisaram ser acompanhados por três meses após a cirurgia, mas o resultado foi satisfatório. "Foi observada melhora na mobilidade, pois ambos os pacientes conseguiram flexionar a parte superior do tronco", diz o relatório.
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Fatores de risco para gestação de siameses
De acordo com os pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Sriwijaya, na Indonésia, há vários fatores de risco relacionados com a gestação de gêmeos siameses, como o consumo de álcool, uso de drogas teratogênicas, falta de ácido fólico durante a gravidez e, principalmente, exposição à radiação ou produtos químicos e histórico familiar.
“Há duas teorias aceitáveis sobre a possível fisiopatologia de gêmeos siameses. A primeira é a teoria da fissão, que se baseia em uma divisão incompleta durante o desenvolvimento embrionário. A segunda é a teoria da fusão, que afirma que há uma fusão secundária de gêmeos monozigóticos”, informam os pesquisadores da universidade à American Journal of Case Reports.
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