O vírus da gripe aviária circula de forma silenciosa entre as aves aquáticas, principalmente patos e gaivotas, e são considerados de baixa patogenicidade. Apenas os subtipos H5 e H7, quando introduzidos entre animais de criação, podem se converter em versões muito mais agressivas, alastrando-se em cadeia e causando alta letalidade. Essas mudanças são produzidas por pequenos erros na replicação viral — as mutações. Ou, então, devido a trocas de segmentos genéticos com outros microrganismos da gripe aviária, quando, por exemplo, dois diferentes subtipos infectam um indivíduo simultaneamente. Isso se deve ao fato de que os genes desses vírus consistem em dois segmentos intercambiados com facilidade, quando entram em uma mesma célula.
"No cenário histórico, era extremamente raro o vírus infectar uma pessoa, já que o microrganismo é adaptado ao crescimento nas células do trato respiratório ou digestivo das aves e, em princípio, carecem da capacidade de adesão e entrada nos tecidos humanos", afirma Ursula Hofle, professora do Grupo SaBio do Instituto de Investigação em Recursos Cinegéticos, na Espanha. Porém, com o aparecimento de um novo genótipo de vírus H5N1 em Guangdong, na China, em 1997, houve uma mudança fundamental: esse subtipo específico tornou-se letal também para muitas espécies de aves silvestres. Além disso, infectava seres humanos que viviam perto de suas criações. Os primeiros casos do tipo aconteceram em Hong Kong, em 2023. "O vírus H5N1 que circula globalmente e está causando uma epidemia sem precedentes entre as aves silvestres e domésticas contém fragmentos desse ancestral H5N1. Porém, também carrega pedaços de muitos outros subtipos, além de inúmeras mutações", esclarece Holfe. (PO)
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