O futuro do tratamento contra o câncer de próstata virou presente. Durante o Congresso Internacional de Oncologia D’Or, que termino neste sábado (13/4), no Rio de Janeiro, médicos e pesquisadores apresentaram avanços e perspectivas de abordagens para a doença. Nesse cenário, a tecnologia é a maior aliada.
Sergio Andurte Carvalho Duarte, urologista do corpo clínico do Hospital DF Star, em Brasília, destacou que a cirurgia prostatectomia — na qual se remove toda ou parte da glândula prostática— robótica avançou muito ao longo dos anos. Segundo o médico, antes a técnica imitava o procedimento comum, agora, se sobressai em muitas questões.
“A cirurgia robótica demanda maior tempo cirúrgico, porém tem menos sangramento, o tempo de internação é menor, assim como o risco de disfunção erétil e de incontinência diminui", diz.
Conforme dados apresentados durante o evento, passar para a cirurgia robótica permitiu trabalhar apenas na região afetada da próstata, que deve ser mexida, sem interferir em áreas próximas. “Conseguimos fazer uma cirurgia muito mais preservadora em relação à cirurgia aberta.”
Além da preservação de regiões em volta do tumor, a técnica robótica melhorou a reconstrução de estruturas que não é possível manter íntegras durante a operação. “Conseguimos resultados oncológicos e funcionais muito bons”, frisou Carvalho Duarte.
O especialista detalhou que o objetivo de pesquisas e ensaios futuros é descobrir como resguardar, de forma ainda mais eficaz, a região periprostática. “O mais importante não é como, mas o quanto conseguimos preservar as estruturas", explica.
A operação poderá ser feita de novas formas. “É possível que com o aumento da verticalização da saúde tenha poucos cirurgiões operando muitos casos.”
Um algoritmo treinado para reconhecer as etapas cirúrgicas conseguiu 92% de precisão na tarefa. “Os cirurgiões não serão substituídos pela inteligência artificial. Os maus profissionais serão substituídos por outros humanos”, brincou o médico
Alternativas mais benéficas
Elton Trigo Teixeira Leite, doutor em oncologia e radio-oncologista do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) e do Hospital Vila Nova Star, pontuou que o hiperfracionamento — técnica de radioterapia em que a radiação é dividida em doses menores e administrada com mais frequência em um período curto de tratamento— foi “praticamente” definida como padrão para o tratamento de carcinomas de próstata, no Brasil.
“Estudos mostram taxas semelhantes de tratamento convencional e do hiperfracionamento. Com benefícios para incontinência urinária e impotência em relação à abordagem convencional”, reiterou Teixeira Leite.
Mariana Siqueira, oncologista clínica da rede D’Or e pesquisadora e preceptora da residência médica do ID’Or, detalhou que a eficácia da radioterapia associada ao bloqueio androgênico —que reduz os níveis de testosterona— foi comprovada por estudos, além de melhorar a função sexual e aliviar fogachos. “Parece uma boa opção para pacientes de alto risco.”
Para a cientista, é necessário pensar em novas combinações de bloqueio androgênico e de terapias após a cirurgia contra o tumor. “Também é preciso selecionar os pacientes pelo perfil molecular (análise genética).”
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