SAÚDE DOS OLHOS

Mulheres têm mais chances de ter perda de visão, diz OMS; médica detalha cuidados

Mudanças físicas, emocionais e psicológicas que ocorrem no organismo das mulheres são fatores que podem afetar os olhos

O Mês que celebra o Dia Internacional da Mulher também serve como um alerta para a saúde ocular do público feminino. De acordo com dado da Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgado pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia, afirma que 55% das pessoas com deficiência visual no mundo são do sexo feminino. Em entrevista para o Correio, Patrícia Moitinho, oftalmologista especialista em cirurgia plástica ocular e diretora médica do Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB), detalha sobre os cuidados e os fatores na mulher que podem influenciar nas doenças oculares.

As mulheres têm especificações biológicas que podem facilitar o desenvolvimento de doenças oculares mais do que os homens. A especialista lembra que a maioria dos casos de perdas de visão é evitável, desde que tratada adequadamente e com diagnóstico precoce.

“A expectativa de vida que é maior nas mulheres. Então a sociedade feminina, por conta dos cuidados na vida, vivem mais que os homens, e com isso o envelhecimento que é muito mais longo há a possibilidade de aparecer doenças oculares da idade ou do envelhecimento do tecido”, detalha Patrícia Moitinho.

As mudanças físicas, emocionais e psicológicas que acontecem no organismo das mulheres também afetam os olhos. Entre os problemas oculares que mais afetam o público feminino estão a degeneração macular relacionada à idade (DMRI) como: retinopatia diabética, olho seco, glaucoma, catarata, doenças neurológicas, patologias oculares inflamatórias e relacionadas ao fluxo sanguíneo na região dos olhos. “A menopausa também pode contribuir para um quadro, por exemplo, de olho seco, pois a interrupção da produção de estrogênio pode causar alterações no filme lacrimal”, ressalta Patrícia.

Riscos da gravidez para a saúde ocular da mulher

A gravidez é outro período em que é necessário a realização de exames constantes na visão. A retenção de líquido no organismo originada pela gestação causa o inchaço nos pés, assim como também pode alterar o formato e a espessura da córnea e do cristalino. “Na gravidez, as mulheres podem ter alterações em função do diabetes e hipertensão, que podem ser podem aparecer durante esse período. Os quadros geralmente regridem após o parto, mas existe a possibilidade de sequelas, como o surgimento da retinopatia diabética. Por isso, é fundamental o acompanhamento oftalmológico durante o pré-natal, principalmente para as mulheres que já tenham condições pré-existentes, como diabetes, tumores, glaucomas ou uveítes — inflamação em lugares do revestimento interior do olho”, explica.

Além disso, a especialista ainda aponta que “as mulheres no climatério sofrem processos hormonais de alterações hormonais, o que vai causar também doenças como a síndrome do olho seco, em que há o ressecamento ocular das mucosas, principalmente da mucosa do olho levando um ressecamento ocular”.

Maquiagens: de ajuda estética à vilã dos olhos

Outro fator que serve como alerta é na hora da maquiagem, como por exemplo, produtos vencidos, falta de higienização e até na aplicação de lápis dentro do olho. “Uma das maiores causas de contaminação dos olhos é o compartilhamento de maquiagem e a falta de assepsia. É fundamental retirar toda a make antes de dormir. Evite produtos à prova d’água, pois são difíceis de sair, e invista em bons demaquilantes ou lave o local com xampu infantil. Isso vai ajudar a proteger seus olhos de sérios problemas”, garante Patrícia.

A especialista reforça a importância da realização de consultas anuais ao oftalmologista, manter um estilo de vida saudável com dieta equilibrada, praticar exercícios regularmente, não fumar e fazer o uso de óculos com proteção ultravioleta. “Esteja atenta também a seu histórico familiar, pois ele serve de indicativo. Mas lembre-se que tratamentos e diagnósticos precoces podem, sim, reverter quadros de problemas oculares e garantir a preservação da sua visão”, conclui.

*Estagiária sob supervisão de Ronayre Nunes

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