INUSITADO

Já provou carne de cobra? Comida inusitada pode ser prato do futuro

Réptil seria opção sustentável a carnes bovinas, já que a criação de gado representa 50% de emissões de gases-estufa, responsáveis pelo aquecimento global

Carne de cobras píton, segundo cientistas, oferecem bons índices de proteína e baixa gordura saturada  -  (crédito: Zoológico de Brasília/ divulgação)
Carne de cobras píton, segundo cientistas, oferecem bons índices de proteína e baixa gordura saturada - (crédito: Zoológico de Brasília/ divulgação)

O que é, o que é: um alimento com alto índice de proteína e baixa gordura saturada e que sua produção é sustentável? Se a resposta foi carne bovina magra — como o patinho —, achou errado...

A resposta correta é carne de cobra. Isso, répteis rastejantes e especificamente da família Píton. A possível sugestão desse "saudável" prato é baseada em pesquisas desenvolvidas por cientistas das universidades de Macquarie, na Austrália, e de Oxford, no Reino Unido.

Além das boas características nutricionais, os pesquisadores constataram que as pítons se adequam às demandas da população mundial. Esses animais crescem rapidamente, além de serem altamente férteis, capazes de produzir 100 ovos por ano durante duas décadas.

Na investigação das cobras, os investigadores estudaram pouco mais de 4.600 pítons em duas quintas de pítons no sudeste da Ásia: uma na província de Uttaradit, no centro da Tailândia, e outra perto da cidade de Ho Chi Minh, no sul do Vietnam. A criação de pítons é uma prática comum nesta região da Ásia.  

“Répteis de sangue frio — como as cobras píton — são extremamente mais eficientes em transformar os alimentos que comem em mais carne e tecido corporal do que qualquer criatura de sangue quente — como os bois — jamais conseguiria”, disse Daniel Natusch, principal autor do estudo e pesquisador da Universidade Macquarie, em um comunicado.

Criação

Além de serem eficientes na transformações de nutrientes ingeridos em massa proteica, as cobras pítons conseguem ficar mais tempo em jejum do que animais como os bois. A equipe liderada pelo professor Natusch constatou que 61% das pítons pesquisadas jejuaram por períodos entre 20 e 127 dias e perderam pouquíssima massa corporal.

Isso reduziria o custo de produção e poderia diminuir o preço no produto final, que são as carnes de cobra no supermercado. Outro ponto positivo para o fomento à criação de pítons para abate é que esses répteis quase não bebem água. Isso, apontaram os pesquisadores, seria prática sustentável porque evitaria o consumo deste bem natural. Além disso, a criação delas não emite gases-estufa responsáveis pelo aquecimento global. 

E o gosto

De acordo com os pesquisadores das universidades de Oxford e de Macquarie, a carne de cobra píton é saborosa e lembra o gosto de frango. Será? Vale lembrar que países do Oriente usam a cobra na alimentação. No Brasil, no entanto, só é permitido o consumo de animais silvestres com autorização do Ibama que comprove que ele foi criado em cativeiro para a finalidade do abate. 

O Correio que saber: e aí, encararia um pedaço de cobra píton no almoço? 

 


Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Ícone do whatsapp
Ícone do telegram

Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br

postado em 16/03/2024 16:54
x