Em uma série de quatro artigos publicados ontem na revista The Lancet, pesquisadores questionam o excesso de medicalização da menopausa, uma fase natural da vida da mulher e que, segundo os autores, deve parar de ser abordada de forma negativa. Para eles, mudar a narrativa e considerar a questão como parte do envelhecimento saudável reduziria o estigma e a quantidade de remédios que, argumentam, muitas vezes são desnecessários.
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"O equívoco da menopausa como sendo sempre um problema médico que consistentemente anuncia um declínio na saúde física e mental deve ser desafiado em toda a sociedade", afirmou, em nota, uma das coautoras da série, Martha Hickey, pesquisadora da Universidade de Melbourne, na Austrália. "A experiência da menopausa difere para cada pessoa. Nossa série exige uma abordagem individualizada, onde as mulheres sejam capacitadas com informações precisas, consistentes e imparciais para tomar decisões informadas que sejam certas para elas durante a transição da menopausa", diz.
As decisões, alega Hickey, podem incluir a terapia hormonal para sintomas como calores e suores noturnos, que podem variar de leves a extremamente debilitantes, após uma discussão com o médico sobre os riscos e benefícios. "Embora algumas mulheres também possam escolher terapias psicológicas, como a cognitivo-comportamental, para reduzir o impacto mental e melhorar o sono."
A série apela aos profissionais de saúde, aos pesquisadores e à sociedade em geral para apoiarem a tomada de decisão por parte das mulheres durante a menopausa. "As informações sobre tratamentos, os seus benefícios, riscos e eficácia comparativa devem ser disponibilizadas prontamente às mulheres que procuram medicação com o apoio dos profissionais de saúde", defende Andrea La Croix, da Universidade da Califórnia em San Diego, e coautora do conjunto de artigos.
Os autores também destacam a importância de o mercado ser inclusivo e apoiar as mulheres durante a menopausa. Um levantamento citado na série, do Reino Unido, diz que trabalhadoras com idades entre 45 e 54 anos relatam mais estresse relacionado ao trabalho do que homens ou mulheres de qualquer outra faixa etária.
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