Um episódio recente de procedimento estético malsucedido viralizou nas redes sociais e gerou um alerta sobre o tema. Mariana Michelini, de 35 anos, perdeu o lábio superior após realizar harmonização facial com um produto com polimetilmetacrilato (PMMA), um produto regulamentado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas que não é indicado de forma alguma para harmonizações faciais, podendo causar consequências como manchas, embolia pulmonar, inflamação, dor crônica e necrose.
Mariana acreditava ter realizado o procedimento com ácido hialurônico e descobriu o erro seis meses após a aplicação do produto, quando acordou com o rosto inchado e dolorido e descobriu que a substância injetada em seu rosto era, na verdade, PMMA.
A cirurgiã-dentista especialista em harmonização orofacial Danielle Albernaz explica que o produto em questão trata-se de uma substância plástica de caráter permanente. “Ele é autorizado para fins estéticos pela Anvisa, entretanto, sua composição pode causar reações inflamatórias, que podem levar a deformidades e necrose dos tecidos. A retirada deste material só pode ser realizada de forma cirúrgica e, por isso, não utilizo e não recomendo o seu uso em nenhuma circunstância”, esclarece a especialista.
Já o ácido hialurônico, material indicado para a realização de harmonização fácil, é uma substância reabsorvível, o que torna a sua utilização mais segura. “Por ser um componente natural do corpo, os riscos de alergia ou rejeição são praticamente inexistentes. Caso ocorra alguma complicação ou intercorrência, o mesmo pode ser degradado através de uma enzima chamada hialuronidase”, explica Danielle. A especialista ressalta, no entanto, que o ácido hialurônico é contraindicado em casos raros de alergia à substância e em pacientes que possuem doenças autoimunes, sendo importante fazer uma investigação prévia antes.
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Como realizar procedimentos estéticos de forma segura
Para evitar complicações e resultados inesperados, ao tomar a decisão de realizar um procedimento estético, a especialista sugere que o paciente busque informações sobre a experiência e capacitação do profissional escolhido, antes de realizar qualquer procedimento. “Para que essa intervenção estética aconteça de forma segura, é importante verificar se o protocolo é detalhado pelo profissional de forma clara e segura. Hoje, encontramos mais facilidade de acesso ao histórico e trajetória dos profissionais no que diz respeito a técnica, credibilidade e resultado de pacientes já atendidos”, sugere.
Ainda de acordo com a dentista a importância de estabelecer uma relação de confiança entre o profissional e o paciente é imprescindível. “Desde a primeira consulta, o paciente deve estar ciente de quais materiais serão utilizados. Sempre faço questão de mostrar e abrir todos os materiais na presença dos meus pacientes. As etiquetas com as informações de marca, data de fabricação, data de validade e número de lote também são entregues aos pacientes e registradas em prontuário”, explica a especialista em harmonização orofacial.
Existe restrição em relação à quantidade de intervenções estéticas?
A especialista pontua que é importante ter cautela na hora da escolha das intervenções estéticas, partindo do ponto de identificação do paciente com a linha de trabalho do profissional. “As expectativas precisam estar alinhadas desde a primeira consulta”, diz Danielle.
Em relação à aplicação de produtos, Danielle esclarece que os procedimentos injetáveis devem ser realizados de forma gradativa e buscando a naturalização dos tratamentos. “O profissional precisa ter um olhar clínico extremamente minucioso e calibrado para realçar a beleza de forma elegante e gerenciar o processo de envelhecimento de forma sutil e natural, que respeitam as características naturais de cada pessoa, sem padronização, além de técnicas de injetáveis com segurança”, explica.
“O ideal é sempre buscar a qualificação do profissional, e saber identificar a diferença entre preço e valor do serviço prestado. Tratando-se de procedimentos estéticos, não podemos negligenciar e buscar somente baixo custo. Deve-se levar em conta a qualidade do produto utilizado, mas também toda a experiência do paciente na clínica, os custos da estrutura para um bom atendimento, os investimentos em conhecimento e capacitação técnica do profissional”, alerta Danielle.