Futuro é agora

Missão Odysseus tem primeiro dia de sucesso na Lua

Empresa privada responsável pelo primeiro pouso, em 52 anos, de missão norte-americana na Lua comemora a operação e prevê mais vitórias

Essa foi uma das imagens feitas pelo equipamento na descida -  (crédito:  AFP)
Essa foi uma das imagens feitas pelo equipamento na descida - (crédito: AFP)

 A missão Odysseus, da Intuitive Machines (IM), está “viva e bem” em seu primeiro dia na superfície lunar. De acordo com a empresa, controladores de voo estão se comunicando e comandando o veículo para baixar dados científicos. O módulo de pouso está com boa telemetria e carregamento solar, no entanto, parece estar tombada. Em uma coletiva de imprensa, representantes da Nasa e da IM afirmaram que imagens feitas pelo módulo devem ser recebidas e publicadas nos próximos dias. “Estamos tão ansiosos quanto o público para ver as fotos”, declarou Tim Crain, diretor de tecnologia e cofundador da Intuitive Machines.

O módulo de pouso provavelmente está deitado de lado, com a "cabeça" apoiada em uma pedra. Steve Altemus, CEO e cofundador da IM, explicou que os dados sugerem que ele prendeu um pé na superfície e caiu porque ainda teve algum movimento lateral na aterrissagem. As imagens aguardadas devem ajudar a entender melhor a posição de Odysseus. “Esperamos obter fotos e realmente fazer uma avaliação da estrutura e de todo o equipamento externo”, disse Altemus.

"Até agora, temos bastante capacidade operacional, embora estejamos tombados. E isso é realmente emocionante para nós, e estamos continuando a missão de operações de superfície como resultado disso.

Meio século  
A empresa estadunidense conquistou um marco ao pousar na Lua a primeira nave espacial americana em mais de 50 anos. O módulo em formato de hexágono carrega experimentos científicos da Nasa e mede pouco mais de quatro metros de altura. O pouso aconteceu perto do polo sul lunar às 23h23 GMT (20h23 em Brasília).

Lançado em 15 de fevereiro em um foguete SpaceX Falcon 9, o Odysseus conta com um novo sistema de propulsão usando oxigênio líquido e metano líquido, o que permitiu que ele viajasse pelo espaço em tempo recorde. Joel Kearns, sub-administrador associado adjunto para Exploração, da Diretoria de Missão Científica, da Nasa, frisa que acelerar a chegada do módulo foi inovador.

“Sabíamos que tínhamos grandes benefícios em potencial, mas também havia riscos. Sabíamos que ninguém fez isso antes, dessa forma, que estávamos pedindo à indústria algo muito difícil (...). Isso mostra que essa estratégia funciona e a usaremos diversas vezes no futuro.”

Para Crain, o desempenho do veículo não teve falhas. “O motor principal mostrou boa confiabilidade, nosso controle foi perfeito. A performance do motor principal superou as expectativas de várias formas. E o controle de voo manteve o veículo apontado exatamente para onde deveria. Houve um momento tenso em que perdemos contato, mas não poderia estar mais orgulhoso da nossa equipe. ”

Frustrações

O sucesso da Intuitive Machines contrasta com uma tentativa fracassada de outra empresa americana, a Astrobotic, que tentou realizar o feito no mês passado. Bill Nelson, administrador da Nasa, celebrou em um vídeo: “Pela primeira vez em mais de 50 anos, os Estados Unidos retornam à Lua. Pela primeira vez na história, uma empresa privada, uma empresa americana, partiu e completou a jornada”.

Recentemente, Índia e Japão também conseguiram a tão esperada alunissagem com suas agências espaciais, seguindo os caminhos da União Soviética, Estados Unidos e China.

Futuro

O local escolhido pela Intuitive Machines fica a cerca de 300 quilômetros do polo sul lunar, na cratera Malapert A. Essa região é de interesse especial devido à presença de gelo na forma de água. A Nasa pretende enviar astronautas à Lua a partir de 2026 com as missões Artemis. Para isso, quer estudar melhor o satélite, utilizando seu novo programa CLPS, que contratou empresas particulares para transportar seu material científico à Lua.

A Intuitive Machines é uma das organizações selecionadas. Seu contrato com a Nasa para a primeira missão, nomeada IM-1, é de 118 milhões de dólares, cerca de 583 milhões de reais. O objetivo é reduzir os custos para a agência pública, porém manter o desenvolvimento da economia espacial.

O módulo transporta seis instrumentos, incluindo esculturas do artista contemporâneo Jeff Koons que representam as fases da Lua. O Odysseus conta com um sistema de câmeras para analisar a quantidade de poeira levantada durante a descida, para comparar ao pouso do programa Apollo. Um desses instrumentos provavelmente salvou a viagem, pois o sistema de navegação do módulo de pouso não funcionou como o previsto, obrigando a empresa a improvisar.

Durante uma volta extra ao redor da Lua, antes da descida, um sistema de laser da Nasa foi programado no último minuto para guiar o módulo de alunissagem. A técnica foi planejada para ser testada durante a missão para melhorar a precisão de pousos futuros, mas acabou sendo utilizada como sistema de navegação principal. O módulo estudará ainda o plasma lunar, camada de gás eletricamente carregada, para medir ondas de rádio do Sol e de outros planetas. Equipado com painéis solares, o módulo de alunissagem deverá operar por sete dias após o pouso, antes de ficar inativo.

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Ícone do whatsapp
Ícone do telegram

Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br

postado em 24/02/2024 06:00
x