Análise genética de fragmentos ósseos desenterrados em um sítio arqueológico em Ranis, no centro da Alemanha, revelou que os Homo sapiens, ou humanos modernos, estavam presentes no Norte da Europa há 45 mil anos. Essa descoberta contradiz a crença anterior de que os Neandertais eram predominantes na região antes de serem extintos. O sítio em Ranis, conhecido por suas lâminas de ferramentas de pedra, é agora considerado um dos locais mais antigos confirmados da cultura humana moderna na Idade da Pedra na Europa Central e Noroeste.
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A evidência da coexistência de Homo sapiens e Homo neanderthalensis se alinha com descobertas genômicas indicando cruzamentos ocasionais entre as duas espécies. Esse cenário também sugere que a invasão dos humanos modernos na Europa e Ásia, há cerca de 50 mil anos, pode ter contribuído para a extinção dos Neandertais, presentes na região por mais de 500 mil anos. O trabalho foi liderado pelo Instituto Max Planck para Antropologia Evolutiva.
Os resultados da análise genética, juntamente com investigações arqueológicas e datações por radiocarbono, foram detalhados em três artigos publicados, ontem, nas revistas Nature e Nature Ecology and Evolution. As lâminas de pedra em Ranis, denominadas pontas de folhas, são atribuídas à cultura Lincombian-Ranisian-Jerzmanowician, evidenciando a presença dos Homo sapiens no local.
Elena Zavala, uma das pesquisadoras envolvidas, destaca que a análise genética confirmou que o Homo sapiens estava presente em Ranis há 45 mil anos, alguns dos primeiros Homo sapiens na Europa. "Confirmamos que os fragmentos do esqueleto pertenciam ao Homo sapiens", ressaltou ela.
Para a pesquisadora, é importante destacar que vários fragmentos compartilhavam as mesmas sequências de DNA mitocondrial, até mesmo fragmentos de diferentes escavações. "Isso indica que os fragmentos pertenciam ao mesmo indivíduo ou a seus parentes maternos, ligando essas novas descobertas às de décadas atrás", disse.
Hábitos
As escavações em Ranis forneceram percepções adicionais sobre a vida na região durante o Paleolítico Médio e Superior. Além das descobertas genéticas, a análise do ambiente e da dieta dos habitantes da caverna sugere uma adaptação surpreendente dos Homo sapiens a condições climáticas adversas, desafiando conceitos anteriores sobre a resiliência humana em climas frios.
Para os cientistas, essas descobertas reescrevem a história da colonização do Norte da Europa, destacando a importância de Ranis na compreensão da transição do Paleolítico Médio tardio associado aos Neandertais para o Paleolítico Superior humano moderno na Europa Central.
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