O Japão se tornou o quinto país a pousar na Lua, com a chegada, do equipamento Slim ao polo sul do satélite, região pouco explorada. Antes apenas os Estados Unidos, a antiga União Soviética, a China e a Índia. A alunissagem é considerada uma proeza tecnológica, pois ocorreu de forma precisa, o que, no acidentado terreno lunar, é considerado algo muito difícil. Porém, duas horas depois, a Agência Espacial Japonesa (Jaxa), informou que os painéis solares da sonda não funcionam. A prioridade dos técnicos é conseguir captar as informações coletadas, antes que a energia acabe, o que não se sabe quando ocorrerá.
- Saiba como enviar o seu nome para a Lua em campanha da Nasa
- Vida saudável: Kangoo Jump pode queimar até 1.200 calorias por treino
"A Slim (abreviação de Smart Lander for Investigating Moon) funciona com baterias a bordo", explicou o dirigente da Jaxa, Hitoshi Kunikara, em comunicado. "Os dados coletados na alunissagem são armazenados na nave e, atualmente, estamos trabalhando para maximizar os resultados científicos, transmitindo esses dados para a Terra", disse.
O módulo Slim, que orbitava o satélite natural da Terra desde o fim de dezembro de 2023, iniciou sua descida à meia-noite (12h de sexta-feira em Brasília) a uma velocidade de cerca de 1.700 metros por segundo. Desde dezembro orbitando a Lua, o módulo não tripulado, com 2,4 metros de comprimento por 1,7 metro de largura e 2,7 metros de altura, foi projetado para pousar na Lua com extrema precisão, a menos de 100m do ponto escolhido, o que lhe rendeu o apelido de "Moon Sniper" (franco-atirador lunar). As naves enviadas ao satélite costumam pousar a vários quilômetros do ponto designado, o que pode complicar suas missões de exploração.
Com a missão, o Japão tornou-se o quinto país a pousar na Lua, repetindo o feito de Estados Unidos, União Soviética, China e Índia.
O Slim levou com ele uma sonda rolante, que parece um robozinho redondo, pouco maior que uma bola de tênis e equipada com uma câmera. O equipamento foi desenvolvido pela empresa de brinquedos Takara Tomy. Ele tem como missão compreender a possível presença de água no satélite, um fator determinante para futuras construções de bases lunares. Mas o sucesso dependerá de os painéis solares voltarem a funcionar, o que não se sabe quando ou se vai acontecer.
A estrela da missão, contudo, era mesmo o módulo de pouso, porque, considerando o terreno altamente irregular da Lua, a alunissagem é extremamente difícil. "A precisão de pouso de Moon Sniper é um enorme salto tecnológico que permitirá projetar missões para abordar questões de pesquisa muito mais específicas", afirmou à agência France Presse (AFP) Emily Brunsden, professora de astrofísica e diretora do Astrocampus, da Universidade de York, na Inglaterra.
Embora a Jaxa não tenha confirmado o local correto em que a sonda pousou, se tudo tiver dado certo, o módulo se inseriu em uma cratera, onde poderá acessar o manto da Lua, a camada interna sob a crosta do satélite. "As rochas aqui expostas são cruciais para a investigação sobre a origem da Lua e da Terra", comentou à AFP Tomokatsu Morota, professor da Universidade de Tóquio especializado em exploração lunar e planetária.
A agência espacial japonesa já havia conseguido pousar em um asteroide, mas o desafio é maior na Lua porque a gravidade é mais intensa.
Mais de 50 anos após o ser humano chegar à Lua, diversos países e empresas privadas tentam alcançar o feito. No entanto, muitos terminam em explosões, falhas de comunicação e outros problemas técnicos. Neste mês, um módulo de pouso lunar norte-americano de uma empresa privada teve que retornar à Terra devido a um vazamento de combustível. Com isso, a Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) adiou os planos de enviar missões tripuladas de seu programa Artemis.
Em 2022, o Japão enviou, sem sucesso, a sonda lunar Omotenashi como parte da missão americana Artemis 1. Em abril do ano passado, a startup ispace tentou se tornar a primeira empresa privada a chegar à Lua, mas perdeu a comunicação com sua espaçonave após um pouso forçado.
Inspirado nos Transformers
O módulo espacial japonês Slim levou para a superfície da Lua um pequeno robô esférico que lembra os androides de Guerra nas Estrelas, que se desdobra como um brinquedo transformável e se move como uma tartaruga-marinha. A sonda exploradora da missão, SORA-Q, é um pouco maior que uma bola de tênis, pesa 250g e foi desenvolvida pela agência espacial japonesa, Jaxa, e a empresa de brinquedos Takara Tomy.
A fabricante de brinquedos que participa da missão é a empresa que criou os famosos robôs Transformers, lançados no mercado em 1984. Juntamente a ela, participam do projeto a gigante japonesa de eletrônicos Sony e a universidade privada Doshisha, em Quioto.
A SORA-Q também tem duas câmeras, uma que deve surgir pela frente quando sua caixa metálica se abre, e outra por trás. O projeto tem a especificidade de que os componentes da esfera são projetados para se abrir e funcionar como rodas para impulsionar a sonda pela superfície rochosa sinuosa e irregular. Isso reduz tamanho e peso.
O aparato espacial possui duas formas de locomoção, a primeira denominada "borboleta", que lhe permite avançar com suas duas rodas coordenadas para se mover de forma sincronizada. A outra é de "rastejar", na qual é impulsionado em etapas.
A explicação para seu nome vem da palavra "Sora", que significa Universo em japonês, e a letra "Q" refere-se às palavras para pergunta e resposta. Uma versão em brinquedo da sonda, que pode rolar e tirar fotos, já está à venda por 21 mil ienes (quase R$ 700, na cotação atual)