Detectar doenças em estágios iniciais é um dos principais desafios da medicina. No desenvolvimento da doença de Parkinson, as alterações que levarão à neurodegeneração ocorrem no cérebro muito antes do paciente apresentar qualquer sintoma, sendo difícil intervir precocemente para retardar de forma mais eficaz a progressão da doença. Um estudo publicado na segunda-feira (8/1) pela revista médica PNAS, contudo, mostra que será possível solucionar esse "atraso".
Engenheiros norte-americanos do Instituto Wyss de Engenharia Biologicamente Inspirada da Universidade de Harvard desenvolveram uma plataforma de diagnóstico molecular que pode detectar a doença precocemente. A plataforma de diagnóstico molecular permite identificar o acúmulo de proteínas nocivas ao cérebro — característica da doença neurodegenerativa, antes mesmo do aparecimento dos primeiros sintomas. A nova abordagem da plataforma tem potencial para criar diagnósticos moleculares aplicáveis precocemente, melhorar ensaios clínicos e facilitar a triagem de medicamentos.
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“Este trabalho é um passo importante em direção ao nosso objetivo de desenvolver um método para detectar e quantificar um marcador-chave da doença de Parkinson para ajudar os médicos a identificar os pacientes muito mais cedo e, assim, manter os distúrbios neurodegenerativos sob controle de forma muito mais eficaz”, disse o autor correspondente David Walt, PhD, do Departamento de Patologia do Brigham e membro principal do corpo docente do Wyss Institute.
Sobre a doença
Em todo o mundo, mais de 10 milhões de pessoas sofrem da doença de Parkinson, cuja incidência aumenta com a idade em sociedades onde a expectativa média de vida também tem aumentado nas últimas décadas. Até o momento, os médicos devem confiar no exame neurológico e no histórico médico dos pacientes ao diagnosticar o Parkinson. No entanto, quando os sintomas clínicos aparecem, a doença já causou danos irreversíveis no cérebro.
Atualmente, não existem exames de sangue ou laboratoriais para diagnosticar a doença em pacientes sem predisposição genética conhecida, que representam cerca de 90% dos pacientes com a doença.
*Estagiária sob supervisão de Ronayre Nunes