SAÚDE MENTAL

Autossabotagem: psicóloga fala sobre sinais e como superar barreiras

Psicóloga e professora de Harvard, Luana Marques explica que a ‘evitação psicológica’ é uma de forma sair de situações desconfortáveis de forma rápida, mas pode aumentar a ansiedade a longo prazo

Ansiedade, saúde mental, reflexão -  (crédito: Kelly Sikkema/Unsplash)
Ansiedade, saúde mental, reflexão - (crédito: Kelly Sikkema/Unsplash)

Alcançar o sucesso, por mais abrangente que isso possa significar, é uma meta estabelecida por boa parte das pessoas. Entretanto, além de fatores externos, é necessário lidar com pensamentos e até comportamentos involuntários de sabotagem. O termo “evitação psicológica”, criado pela psicóloga e professora de Harvard Luana Marques, pode estar atrelado a essas ações que vão de contramão ao que queremos, mas que podem parecer inevitáveis.

Segundo a especialista, a evitação psicológica é uma resposta automática para situações de desconforto. “A evitação psicológica é semelhante a um avestruz enterrando a cabeça na areia, escolhendo a ignorância ao invés do confronto , enquanto uma tempestade se forma no fundo”, diz em um artigo escrito para o The Washington Post.

A PhD em psicologia clínica explica que esse comportamento se torna uma espécie de muleta para passar por situações desagradáveis. Em um primeiro momento, se mostra como uma solução rápida e pode aliviar os transtornos de ansiedade, mas pode agravar esses problemas futuramente. Como exemplo, ela cita um gestor que resolve ignorar os problemas da equipe por medo de confrontos, o que pode prejudicar o desempenho do grupo.

A psicóloga cita ainda alguns sinais de evitação psicológica e como lidar com eles.

Reagir

Embora reagir possa parecer, em um primeiro momento, o oposto do comportamento de evitar, a profissional explica que a reação rápida é uma forma de resolver um desconforto sem pensar nas ações e refletir sobre os resultados. É como responder uma mensagem de forma impulsiva para se sentir aliviado, mas sem prestar atenção às palavras.

Nesses casos, o primeiro passo é parar um pouco e tentar entender os próprios pensamentos. “Desafie seus pensamentos, limpe suas lentes, perguntando-se: ‘Eu diria isso ao meu melhor amigo neste cenário?’”, diz a professora de psicologia.

Recuar

Luana cita um exemplo de trabalho: uma pessoa recebe uma proposta de promoção, mas o novo cargo envolve falar em público. Por medo, o funcionário prefere negociar ficar em um cargo de menor remuneração para não ter que lidar com a atribuição. Dar um passo atrás ou evitar situações como conversas difíceis não resolve o real problema e pode aumentar a ansiedade.

Em vez de um recuo, a psicóloga sugere aproximar-se de forma cautelosa dos receios. No exemplo da oferta de emprego, uma estratégia é pensar em formas de vencer o medo de falar em público, como participar de grupos de discussão sobre algo que goste.

Estagnar

A ideia de que algo “não é tão ruim” muitas vezes vem do medo de passar por grandes mudanças, mesmo que isso possa resultar em melhorias. Continuar em um emprego que não gosta, um relacionamento que não dá certo, se acomodar às situações é também uma forma de evitação psicológica.

“Em momentos de intensa ansiedade, tendemos a deixar que as nossas emoções, e não os nossos valores, ditem as nossas ações”, destaca. Para isso, é necessário alinhar as expectativas e entender quais são as suas prioridades. Dessa forma, você pode dar pequenos passos em direção a esses objetivos, entendendo que as mudanças são necessárias para seguir seus valores.

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Ícone do whatsapp
Ícone do telegram

Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br

postado em 24/01/2024 17:57
x