A gula, desejo exagerado e compulsivo de comer, é um sintoma que se enquadra em um transtorno. Por isso, mais do que comer um pouco a mais quando a comida é gostosa, ou repetir o prato, se não observado com cuidado, o ato de se alimentar além de saciar a fome pode causar graves prejuízos à saúde.
“Segundo o Manual de Diagnóstico e Estatístico das Perturbações Mentais (DSM-IV-TR), a compulsão alimentar pode ser compreendida como transtorno quando ocorrem episódios frequentes, pelo menos duas vezes por semana, e quando esse comportamento se prolonga por um período específico, de pelo menos 6 meses”, comenta a psicóloga Juliana Meneghelo.
A especialista acrescenta que exagerar na comida vez ou outra, como forma de aliviar o estresse, pode acontecer com qualquer um. Episódios desse tipo são conhecidos como "fome emocional" e só se configuram como transtorno se ocorrerem com frequência.
Mas, para ser considerado um transtorno, o comportamento costuma estar relacionado a outros sintomas, como perda de controle, culpa ou vergonha após comer, e pode estar associado a comportamentos compensatórios para perder peso, como uso de diuréticos, laxantes ou até mesmo vômitos voluntários.
Juliana ressalta que além de carregar a culpa pela incapacidade de controle, as pessoas com Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica, podem ter problemas de saúde, doenças e comorbidades como obesidade, diabetes tipo 2, hipertensão, cálculo renal, apneia do sono, diminuição da capacidade respiratória, gastrite e refluxo.
Por isso, a psicóloga ressalta que, com acompanhamento adequado, é possível reverter o quadro. O tratamento costuma ser feito de forma multidisciplinar, com a participação de psiquiatras e nutricionistas, além de psicólogos e, se necessário, medicamentos.
“A ansiedade é um dos fatores que apresentam relação direta com a compulsão alimentar, pois os estímulos ansiosos para a comida, aos poucos, tornam-se um hábito. Muitas vezes, o ato de comer compulsivamente resulta de quadros associados à fome emocional, que surgem de repente e a pessoa se vê dominada por ela”, acrescenta a psicóloga.
Por fim, a psicóloga destaca que o mais importante é encontrar meios de manejar a ansiedade. “Buscar atividades de distração para os momentos que a ‘vontade de comer’ bater, como, por exemplo, ler um livro, passear com o pet, tomar um banho ou ouvir uma música, é de grande ajuda nesses momentos, assim como a prática da respiração profunda.”
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