ASTRONOMIA

"Estrela Barbenheimer": explosão estelar intriga cientistas; entenda

As evidências sobre a estrela foram encontradas por meio do processo conhecido como "arqueologia estelar". Diversos aspectos tornaram o corpo celeste diferente de outros

A intitulada
A intitulada "Estrela Barbenheimer" é uma enorme estrela antiga que explodiu de uma forma anteriormente considerada impossível, resultando em um padrão incomum de cinzas elementares - (crédito: Divulgação/University of Chicago/SDSS-V/Melissa Weiss)

Astrônomos norte-americanos coletaram evidências de uma enorme estrela antiga de pelo menos 50 vezes a massa do Sol e que explodiu de uma forma considerada impossível anteriormente. A estrela foi apelidada de Barbenheimer, em referência a dois filmes lançados no mesmo dia e que dominaram as bilheterias em 2023: Barbie e Oppenheimer. O corpo celeste intriga os pesquisadores porque contraria a compreensão atual do ciclo estelar.

As evidências sobre a estrela foram encontradas por meio do processo conhecido como “arqueologia estelar”. Assim como os arqueólogos usam as evidências encontradas no presente para reconstruir o passado, os astrônomos usam as evidências encontradas nas estrelas de hoje para reconstruir as condições do universo antigo.

"A trilha de evidências começou com uma estrela que, à primeira vista, parece normal. A estrela, chamada J0931+0038 , é uma estrela vermelha brilhante e distante capturada numa imagem do SDSS em 1999. Vinte anos depois, o telescópio do SDSS voltou-se mais uma vez para a estrela — desta vez em tecnicolor. O programa SDSS Milky Way Mapper observou o espectro da estrela, que mede a quantidade de luz que a estrela emite em diferentes comprimentos de onda. Um espectro pode revelar muitas coisas sobre uma estrela, como a sua temperatura e composição química", explicaram os astrônomos.

As estrelas são compostas principalmente de hidrogénio e hélio, mas também incorporam alguns elementos químicos mais pesados, como carbono e oxigênio, que foram criados em gerações anteriores de estrelas e liberadas no Universo em explosões de supernovas.

Os pesquisadores observaram que diversos aspectos tornaram a estrela diferente de outras: baixa abundância de elementos com números ímpares na tabela periódica, como sódio e alumínio; uma grande quantidade de elementos próximos ao ferro na tabela periódica, como níquel e zinco; e uma superabundância de elementos mais pesados, como estrôncio e paládio.

“Às vezes vemos uma destas características de cada vez, mas nunca antes tínhamos visto todas elas na mesma estrela”, pontuou Jennifer Johnson, pesquisadora da Universidade do Estado de Ohio, em comunicado divulgado pela equipe de pesquisa.

"Qualquer que fosse a Estrela Barbenheimer, deve ter sido um grande sucesso — pelo menos 50 a 80 vezes a massa do nosso Sol. Na verdade, essa supernova antiga deve ter sido tão massiva que os astrônomos ficam surpreendidos com o fato de poder ter acontecido — teorias anteriores previam que tais estrelas grandes deveriam colapsar diretamente em buracos negros, sem criar primeiro uma supernova", acrescenta o comunicado.

Os pesquisadores responsáveis pela pesquisa defendem que é necessário haver mais e melhores simulações computacionais para fazer previsões sobre o que aconteceu com as estrelas no Universo primitivo. “O Universo dirigiu este filme, somos apenas a equipe de filmagem. Ainda não sabemos como a história terminará", disse Keith Hawkins, da Universidade do Texas em Austin.

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postado em 16/01/2024 10:59
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