O designer brasileiro Cícero Moraes, junto com os arqueólogos Luca e Alessandro Bezzi, realizaram a reconstrução facial do crânio de Piltdow — apresentado em 1912 como um "elo perdido" entre macacos e humanos, mas que foi revelado, 40 anos depois, como uma das maiores fraudes da história da ciência.
A farsa começou com o geólogo amador Charles Dawson, que entrou em contato com o Museu de História Natural de Londres e apresentou fragmentos de crânio, mandíbula e dentes, alegando ter descoberto um hominídeo. O achado recebeu o nome latino Eoanthropus dawsoni ("homem do amanhecer de Dawson"). Entretanto, em 1953, um artigo publicado na revista Time revelou que o suposto "homem de Piltdow" era composto por uma mistura de crânio de humano moderno, mandíbula de orangotango e dentes de chimpanzé.
- Crânio chinês de 300 mil anos é diferente de qualquer outro já visto
- Arqueólogos recriam rosto de um dos primeiros habitantes do Brasil; veja
- Sítios arqueológicos que marcam chegada de humanos no Brasil eram de macacos
Décadas depois, pesquisadores decidiram simular a aparência do crânio. "Foram trabalhadas duas abordagens relacionadas a aproximação facial, uma mais objetiva e outra mais artística. A abordagem objetiva consistiu em um busto dotado dos elementos intimamente ligados aos aspectos anatômicos da aproximação e uma vez que a etapa inicial do processo foi composta apenas por dados colhidos de tomografias, isso possibilitou gerar uma face anatomicamente coerente. A abordagem mais artística consiste em imagens com a coloração da pele e com pelos", diz o estudo.
Foi constatado, em 2016, que, para sustentar a farsa, o crânio estava mineralizado com óxido de ferro, o que dava uma coloração marrom e aparência de ser mais antigo do que realmente era. "Até hoje não se sabe ao certo o que motivou tal falsificação, especula-se que Charles Dawson sonhava em se tornar Fellow (membro acadêmico) da Royal Society e, vendo que seus esforços anteriores não surtiram efeito, pode ter utilizado os seus conhecimentos para falsificar o "fóssil", concluiu a pesquisa.
O estudo foi publicado na revista OrtogOnLineMag e pode ser acessado na íntegra neste link.
Saiba Mais
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br