Historicamente, a diminuição dos níveis de testosterona tem sido associada ao envelhecimento masculino. Entretanto, pesquisadores sugerem que homens jovens podem apresentar taxas comparáveis aos de meia-idade. Evidências, detalhadas em um trabalho da Sociedade Brasileira de Urologia e apresentadas durante o Congresso Brasileiro de Urologia, no mês passado, apontam que fatores como comorbidades, em especial a obesidade, desempenham um papel crucial na redução da quantidade do hormônio em homens de diferentes faixas etárias.
O estudo avaliou dados de 3.646 homens e dividiu os participantes em adultos jovens, de 18 a 44 anos, e homens de meia-idade, de 45 a 64 anos. A análise dos valores de testosterona no sangue não revelou diferenças significativas entre os grupos, desafiando a ideia tradicional de que o envelhecimento seja o principal ator na queda hormonal.
Ao analisar os fatores associados à condição, a obesidade emergiu como um ponto central. Mesmo após ajustes para idade, houve uma forte associação com níveis diminuídos de testosterona. Assim, os resultados sugerem a obesidade como um fator-chave nesse processo.
Os achados reiteram a complexidade dos agentes que afetam as taxas hormonais masculinas. Contrariando expectativas históricas, o envelhecimento não se mostrou como o principal determinante da queda de testosterona, sugerindo uma necessidade de abordagens mais específicas e personalizadas para compreender e tratar as alterações dos hormônios.
José de Bessa Júnior, membro titular da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) e coordenador de publicações científicas da SBU, reforça que nem todos os homens vão passar por uma queda hormonal decorrente da idade. "Enquanto existe um período para as mulheres, uma faixa etária, em que a ovulação para e alguns hormônios caem, para os homens isso não existe. A maioria deles nunca vão ter níveis baixos de testosterona."
Bessa Júnior destaca a relevância de debater o abuso de testosterona. "Muitas pessoas usam o hormônio testosterona de maneira que considero errada. Recebem testosterona com fins estéticos. Isso não é recomendável. O uso abusivo é ruim, apesar de muito frequente. Pessoas que fazem atividade física, esportistas, usam no sentido de melhoria do corpo, é temeroso." (IA)