Saúde

OMS libera leite de vaca para crianças entre 6 a 11 meses que não mamam

Medida é polêmica entre especialistas, que contraindicam o consumo de leite bovino nesta faixa etária devido a complicações para a saúde dos bebês

Uma recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) libera o consumo de leite de vaca para bebês entre seis a onze meses que não mamam, como parte da diretriz para alimentação complementar de crianças entre seis e 23 meses. A medida difere das recomendações anteriores, e também se opõe à orientação de sociedades médicas de não dar leite animal aos bebês. 

De seis a onze meses, foram liberados leite integral pasteurizado, leite reconstituído evaporado (mas não condensado) leite fermentado ou iogurte natural.

Existem estudos que demonstram que o consumo de leite de vaca por bebês está associado a complicações como aumento do risco de doenças cardiovasculares, pedra nos rins, aumento de peso e problemas no fígado, por causa da grande quantidade de proteínas que apresenta. Neste contexto, a Sociedade Brasileira de Pediatria contraindica o consumo, com base em pesquisas que "apontam que o leite de vaca integral comprovadamente está associado a maior índice de obesidade e várias outras consequências".

"O leite de vaca não é o mais recomendável para a alimentação da criança antes de um ano de vida, pois além de não suprir as necessidades nutricionais da criança, pode desencadear alergias e intolerâncias alimentares, doenças crônicas como obesidade e diabetes mellitus e anemia ferropriva", conclui o artigo Efeitos do consumo de leite de vaca pela criança antes do primeiro ano de vida, publicado por pesquisadores brasileiros na revista científica Research, Society and Development.

A OMS cita os estudos científicos na resolução, porém classifica o leite de vaca integral pasteurizado como "escolha segura" para os bebês, junto com a complementação por fórmula. Após o primeiro ano de idade, a recomendação é não utilizar mais a formulação, somente o leite animal. 

O documento substitui as diretrizes anteriores do órgão, de 2003 e 2005, e busca orientar famílias, profissionais e poder público acerca do cuidado com as crianças.

A medida causou polêmica entre especialistas. "Sim, sabemos que muitas crianças tiveram ou têm esse hábito e estão vivas. Porém, muitas estão constantemente com nariz, ouvido, olhos ou garganta coçando. Talvez sofram com inflamações que causam dor de cabeça, amigdalite, otite, rinite, sinusite, gastrite, entre outras", alerta a nutricionista terapêutica Simone Iwai. 

 

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