Apesar de controvertida, a terapia de reposição hormonal (TRH) é a principal terapêutica atualmente. Um estudo da Associação Médica Canadense, publicado na revista da instituição, em maio, recomenda a TRH como primeira opção de tratamento para aqueles que não têm fatores de risco.
"É uma terapêutica de primeira linha para sintomas vasomotores na ausência de contra-indicações", salienta em nota Iliana Lega, pesquisadora da Universidade de Toronto e coautora do ensaio.
Conforme os estudiosos, os receios em torno da abordagem e a falta de conhecimento sobre outras opções muitas vezes impedem as pacientes de fazer o acompanhamento adequado. Segundo os pesquisadores, entre os benefícios da reposição estão a redução das ondas de calor em até 90% das pacientes com sintomas moderados a graves, melhoria dos níveis de lípidos no sangue e uma possível redução do risco de diabetes e menos fraturas por fragilidade do quadril, coluna e outros ossos.
Leandro Resende, ginecologista e membro da Sociedade de Ginecologia de Brasília, a terapia hormonal é indicada quando a menopausa ou climatério são sintomáticos. "Porém é necessária uma avaliação específica para não ter nenhuma condição que contra indique o uso de hormônio. Normalmente os principais fatores impeditivos para TRH estão relacionados a causas oncológicas ou risco de doença trombo embólica, que levam a embolias. A reposição hormonal atua justamente como um fator para que a redução ou ausência da produção de hormônios pelos ovários prejudique menos a qualidade de vida da mulher."
O ensaio pontua ainda que os riscos podem ser calculados conforme a condição de cada mulher. Apesar de evidências anteriores terem demonstrado chances aumentadas de câncer de mama, o risco é muito menor em pessoas com idades entre os 50 e os 59 anos e naquelas que iniciam a terapia nos primeiros 10 anos da menopausa.
Segundo os cientistas, há, ainda, estudos que mostram chances elevadas de acidente vascular cerebral isquêmico (AVCI) em mulheres com mais de 60 anos que iniciam a terapia uma década após o início da menopausa, mas que essa taxa é baixa para aquelas com menos de 60 anos.
"Após o estudo da Women's Health Initiative, evidências crescentes mostram uma possível redução na doença arterial coronariana com a terapia hormonal na menopausa entre pacientes mais jovens, especificamente aquelas que iniciam a terapia hormonal na menopausa antes 60 anos ou dentro de 10 anos após a menopausa", salientaram os autores, em comunicado. Leia amanhã a segunda reportagem da série sobre equilíbrio hormonal. (IA)