O mês passado foi o outubro mais quente já registrado no planeta, prolongando uma série de cinco recordes mensais consecutivos, anunciou nesta quarta-feira (8/11) o observatório europeu Copernicus, que prevê que 2023 será o ano mais quente da história.
Os novos dados, que na prática são traduzidos em secas e fomes, incêndios devastadores ou furacões mais intensos, reforçam os alertas dos cientistas antes da reunião de cúpula do clima COP28 da ONU em Dubai (30 de novembro a 12 de dezembro).
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"Podemos afirmar com quase total certeza que 2023 será o ano mais quente já registado", destacou Samantha Burgess, vice-diretora do serviço de mudança climática do observatório Copernicus.
"O sentimento de necessidade urgente de adotar medidas climáticas ambiciosas antes da COP28 nunca foi tão forte", acrescentou Burgess em um comunicado.
No mês passado, com média de 15,38ºC na superfície do planeta, o resultado superou em 0,4ºC o recorde anterior de outubro de 2019, segundo o Copernicus. A anomalia é "excepcional" para as temperaturas mundiais.
Outubro de 2023 foi "1,7°C mais quente do que a média para o mês de outubro no período 1850-1900", antes da percepção dos efeitos das emissões de gases do efeito de estufa provocados pela atividade humana, acrescenta o observatório.
Desde janeiro, a temperatura média do planeta é a mais quente já registrada para os primeiros 10 meses do ano,1,43°C acima da média no período 1850-1900, segundo o Copernicus.
"Estado de sítio"
Mais do que nunca, 2023 se aproxima do limite emblemático de +1,5ºC estabelecido pelo Acordo de Paris. A COP28 deve apresentar a primeira avaliação oficial desde a adoção da meta e, se possível, as primeiras medidas de correção.
A Organização Meteorológica Mundial previu que o limite deve ser superado pela primeira vez no período de 12 meses nos próximos cinco anos.
Porém, será necessário registrar o aumento de 1,5°C na média ao longo de vários anos para considerar que a barreira foi superada do ponto de vista climático. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU prevê que há 50% de possibilidade de que isto aconteça entre 2030 e 2035, levando em consideração o ritmo das emissões de gases do efeito estufa.
Atualmente, os cientistas consideram que o aquecimento está na faixa de +1,2ºC na comparação com a era pré-industrial.
As medições do Copernicus remontam a 1940, mas podem ser comparadas com as temperaturas dos milênios anteriores, estabelecidas graças aos anéis dos troncos das árvores ou aos núcleos de gelo.
Os dados obtidos com estes métodos sugerem que as temperaturas atuais são provavelmente as mais quentes em mais de 100.000 anos.
"A vida no planeta Terra se encontra em estado de sítio", alertou um grupo de cientistas renomados no final de outubro em um relatório que denunciou o "progresso mínimo" na redução das emissões de CO2.
'El Niño'
Assim como aconteceu em 2016, até o momento o ano mais quente já registrado, o 'El Niño' se une aos efeitos da mudança climática para elevar a temperatura. O fenômeno cíclico no Pacífico geralmente atinge o pico na época do Natal.
O observatório Copernicus destacou que o fenômeno segue ativo, "embora as anomalias sejam inferiores às registradas neste período do ano" em 1997 e 2015, quando o 'El Niño' foi historicamente intenso.
Em outubro, a seca afetou regiões dos Estados Unidos e México, mas outras áreas do planeta registraram condições mais úmidas que o habitual, geralmente vinculadas a tempestades e ciclones.
Os oceanos contribuem em grande medida para os recordes. As temperaturas na superfície dos mares registram recordes todos os meses desde abril. Em outubro alcançaram a média de 20,79ºC.
Isto aumenta a intensidade das tempestades, com mais água evaporada, e acelera o degelo de plataformas flutuantes como a Gronelândia e a Antártica, cruciais para evitar o aumento do nível do mar.
O gelo marinho da Antártica permanece pelo sexto mês consecutivo em um nível recorde para a temporada, 11% abaixo da média, segundo o Copernicus. No Ártico, outubro foi o sétimo mês consecutivo, 12% abaixo da média.
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