Uma gigantesca anomalia nas profundezas da Terra pode ser remanescente da colisão que, há 4,5 bilhões de anos, deu origem à Lua. Pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências afirmam que a descoberta traz novos conhecimentos importantes não só sobre a estrutura interna do planeta, mas a respeito da evolução a longo prazo, além da própria formação do Sistema Solar. O artigo foi publicado na revista Nature.
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A teoria predominante sugere que, durante as fases finais do desenvolvimento da Terra, ocorreu uma colisão massiva — conhecida como impacto gigante — entre o planeta primordial (Gaia) e um protoplaneta do tamanho de Marte conhecido como Theia. Acredita-se que a Lua tenha se formado a partir dos destroços gerados no evento.
Com uma nova metodologia computacional de dinâmica de fluidos e inúmeras simulações da colisão, Deng Hongping, do Observatório Astronômico de Xangai, descobriu que Gaia exibia estratificação do manto após o impacto, com o superior e o inferior tendo diferentes composições e estados. Especificamente, o primeiro apresentava um oceano de magma, pela mistura completa de material da Terra primordial e de Theia, enquanto o segundo permaneceu na maior parte sólido e manteve a composição material do planeta.
"Nossas descobertas desafiam a noção tradicional de que o impacto gigante levou à homogeneização da Terra primitiva", disse, em nota."Em vez disso, a colisão que formou a Lua parece ser a origem da heterogeneidade do manto inicial e marca o ponto de partida para a evolução geológica da Terra ao longo de 4,5 bilhões de anos."
Regiões anômalas
Outro exemplo da heterogeneidade do manto terrestre são duas regiões anômalas — chamadas Grandes Províncias de Baixa Velocidade (LLVPs) — que se estendem por milhares de quilômetros na base da camada. Uma está localizada abaixo da placa tectônica africana e a outra sob o Pacífico. Quando as ondas sísmicas passam por essas áreas, a velocidade é significativamente reduzida.
"Por meio da análise precisa de uma gama mais ampla de amostras de rochas, combinada com modelos de impacto gigante mais refinados e modelos de evolução da Terra, podemos inferir a composição material e a dinâmica orbital da Terra primordial, Gaia e Theia", diz Deng. "Essa pesquisa ainda fornece inspiração para a compreensão da formação e habitabilidade de exoplanetas além do nosso Sistema Solar", acredita.
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