Até agora, acreditava-se que apenas uma espécie primata, o ser humano, além de alguns poucos mamíferos, entrava na menopausa. Porém, pesquisadores que há duas décadas estudam a comunidade Ngogo de chimpanzés selvagens do Parque Nacional Kibale, no oeste de Uganda, publicaram um artigo na revista Science que mostra que as fêmeas dessa população também passam pela experiência.
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Antes do estudo, a queda na fertilidade associada à faixa etária foi observada em humanos e em algumas espécies de baleias. Segundo os autores, os novos dados podem ajudar a compreender melhor por que a menopausa e a sobrevivência pós-fase fértil ocorre na natureza e como evoluíram.
"Nas sociedades de todo o mundo, as mulheres que já passaram da idade fértil desempenham papéis importantes, tanto economicamente, como conselheiras e cuidadoras", destaca Brian Wood, professor associado de antropologia da Universidade da Califórnia em Los Angeles (Ucla) e um dos autores do estudo. "Como essa história de vida evoluiu nos humanos é um enigma fascinante, mas desafiador."
Avós
Há uma hipótese comum de que as mulheres nos seus anos pós-reprodutivos podem transmitir mais genes, ajudando a aumentar as taxas de natalidade dos seus próprios filhos, ou cuidando diretamente dos netos, o que eleva a probabilidade de sobrevivência da descendência. De fato, vários estudos com avós humanas encontraram esses efeitos positivos. Mas os chimpanzés têm condições de vida muito diferentes: as fêmeas mais velhas normalmente não vivem perto das filhas nem cuidam dos netos. Ainda assim, as de Ngogo muitas vezes ultrapassam a idade fértil.
A equipe examinou as taxas de mortalidade e fertilidade de 185 chimpanzés fêmeas a partir de dados demográficos coletados de 1995 a 2016. Os pesquisadores mediram taxas de substâncias associadas à menopausa humana, que incluem níveis crescentes de hormônio folículo-estimulante e hormônio luteinizante, assim como queda de estrogênios e progestágenos.
A fertilidade nos chimpanzés estudados diminuiu após os 30 anos, não sendo observados nascimentos após os 50 anos. E, assim como nos humanos, não era incomum que essas fêmeas vivessem muito além disso. "Agora sabemos que a menopausa e a sobrevivência pós-fértil surgem em uma gama mais ampla de espécies e condições socioecológicas do que se pensava anteriormente, fornecendo uma base sólida para considerar os papéis que dietas melhoradas e riscos reduzidos de predação teriam desempenhado na evolução da história da vida humana", disse Wood.
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