O Transtorno da Personalidade Antissocial (TPAS), a famigerada psicopatia, é mais comum do que se imagina, atingindo uma ou duas a cada 100 pessoas, na população em geral, de acordo com a BCC. O psiquiatra e professor de Medicina do Centro Universitário de Brasília (CEUB), Lucas Benevides, detalha o transtorno.
Segundo o especialista, o psicopata exibe níveis anormalmente baixos de empatia ou remorso, culpa, mentira patológica, impulsividade e irresponsabilidade e são pessoas charmosas. Eles também tem uma "percepção grandiosa de si mesmos e necessidade de estímulo constante", acrescenta o psiquiatra.
Associação com atividades criminosas
Lucas enfatiza que embora exista uma forte correlação com a criminalidade, não são todos as pessoas com o transtorno de personalidade antissocial que tem atuações criminosas. "Muitos criminosos não são psicopatas e muitos psicopatas não são criminosos", alega o especialista.
No caso de um psicopata ser pego realizando alguma atividade criminosa, o psiquiatra explica que em alguns sistemas jurídicos há influência na avaliação da sua responsabilidade criminal ou na determinação da sentença, na maioria das com a justificativa de que o psicopata apresenta um risco maior de reincidência.
De acordo com o jornal da Universidade de São Paulo, em 2021, a estimativa era de que 20% das vagas nas prisões brasileiras eram ocupadas por psicopatas, considerando as estatísticas de 1% a 2% da população mundial.
Causas e tratamento
O psiquiatra afirma que acredita-se que o TPAS seja resultado da interação entre fatores biológicos, genéticos, sociais e ambientais que podem gerar no indivíduo uma predisposição ao transtorno. Ele também explica que a psicopatia não é classificada como uma doença e sim um transtorno, porque é uma condição crônica e estável ao longo do tempo. "É considerada um atraso no desenvolvimento emocional, assim como o retardo mental é um atraso no desenvolvimento cognitivo".
Benevides também ressalta que diferentemente do que é apresentado na ficção, as pessoas com TPAS geralmente demonstra ter algum grau de comprometimento cognitivo. "Alguns estudos sugerem que existem anormalidades cerebrais associadas à psicopatia".
"Até o momento, não há uma 'cura' para a transtorno de personalidade antissocial. O tratamento é desafiador, pois muitas vezes eles não reconhecem que têm um problema ou não sentem necessidade de mudança. No entanto, em alguns casos, terapias e intervenções podem ajudar a gerenciar comportamentos principalmente dos sociopatas".
*Estagiária sob supervisão de Pedro Grigori
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