A bioquímica húngara Katalin Karikó e o pesquisador norte-americano Drew Weissman foram anunciados nesta segunda-feira (2/10) como vencedores do Prêmio Nobel de Medicina 2023 pelos estudos e trabalhos sobre RNA mensageiro (mRNA). As pesquisas foram fundamentais para o desenvolvimento das vacinas contra covid-19.
- Nobel de Medicina: o 'brasileiro' que está na lista dos vencedores britânicos do prêmio
- Prêmio Nobel: Ganhadores em 2022 falam sobre os caminhos para a paz
"O Prêmio Nobel deste ano reconhece a descoberta científica básica que mudou fundamentalmente nossa compreensão de como o mRNA interage com o sistema imunológico e teve um grande impacto na sociedade durante a recente pandemia", anunciou Rickard Sandberg, membro da Assembleia do Nobel no Instituto Karolinska.
O estudo publicado pelos cientistas sobre modificações na base de nucleosídeos permitiu o desenvolvimento de vacinas de RNA mensageiro durante a pandemia. Os cientistas ganhadores do Nobel de Medicina publicaram os resultados relacionados aos mRNA em um artigo no ano de 2005 que recebeu pouca atenção na época.
As pesquisas sobre a tecnologia de RNA mensageiro (mRNA) eram feitas a mais de 30 anos, mas a aplicação desse método por meio de vacinas parecia distante. Porém, com a chegada da pandemia da covid-19 o investimento e a demanda para a produção das vacinas aumentou e assim foi possível que os primeiros imunizantes com essa tecnologia inovadora fossem aprovados e aplicados em larga escala, como também houve o desenvolvimento de vacinas em tempo recorde, com imunizantes sendo feitos em menos de um ano.
Os pesquisadores descobriram que o RNA mensageiro com base modificada poderia ser usado para bloquear a ativação de reações inflamatórias e aumentar a produção de proteínas quando é entregue às células. A bioquímica húngara e o pesquisador norte-americano viram que algumas modificações básicas na estrutura do mRNA poderiam deixá-lo menos inflamatório. A descoberta, feita em 1997, foi usada para a criação da vacina contra a covid-19.
Entenda o funcionamento
Todas as células do nosso corpo carregam o conjunto de todos os genes de um ser vivo, o DNA. Nesse conjunto existem cromossomos com informações sobre nós que definem as características físicas, e também a propensão para algumas doenças. O DNA consegue enviar comandos às células como uma cópia de si. Essa "cópia" genética é o RNA mensageiro, ou mRNA. O mRNA sai do núcleo e viaja até o citoplasma da célula, então lê o que está na "cópia" e fabrica uma proteína específica relacionada àquele mensagem.
A atuação da vacina com o RNA mensageiro se difere dos outros imunizantes porque em vez de introduzir o vírus inativado ou uma parte dele para que o sistema imunológico produza as defesas, o RNAm utiliza um código com instruções para que as células do corpo produzam determinada proteína, assim o próprio organismo atua como uma “fábrica”. Contra o coronavírus, ele atuou na formação da proteína S, que é lida pelo corpo para produzir as células de defesa e anticorpos.
Saiba Mais
-
Ciência e Saúde Orca é encontrada encalhada com sete lontras na barriga
-
Ciência e Saúde Por que cientistas dizem que estamos perto de achar vida em outro planeta
-
Ciência e Saúde 'Dupla excepcionalidade': as crianças com intelecto avançado e dificuldade de aprendizagem ao mesmo tempo
-
Ciência e Saúde Nobel de Medicina 2023: a história dos cientistas que ganharam o prêmio pela tecnologia que levou às vacinas de Pfizer e Moderna
-
Ciência e Saúde Intoxicação alimentar: as dicas de microbiologista do que evitar comer para reduzir risco
-
Ciência e Saúde Redemoinho em Marte? Rover da Nasa flagra fenômeno; assista o vídeo