SAÚDE

Treino descalço: sim ou não? Veja orientação de especialistas

Discussão polêmica. Será que o contato direto com o solo beneficia a força dos pés, o equilíbrio e a estabilidade?

Treinar descalço: existem diversas pesquisas sobre o tema, e enquanto algumas defendem a escolha, outras alertam para o risco

 -  (crédito: Shutterstock/Divulgação)
Treinar descalço: existem diversas pesquisas sobre o tema, e enquanto algumas defendem a escolha, outras alertam para o risco - (crédito: Shutterstock/Divulgação)
postado em 21/10/2023 14:06 / atualizado em 21/10/2023 14:06

Não é incomum ver pessoas treinando descalços na academia. Ao ver este tipo de cena, a pergunta que muitos alunos fazem é: vale a pena? Existem diversas pesquisas sobre o tema, e enquanto algumas defendem a escolha, outras alertam para o risco. Para entender se é uma opção viável ou não, quais são os benefícios e os cuidados e se vale a pena incorporar a metodologia ao treino, um profissional de educação física e um fisioterapeuta fazem suas análises.

"Basicamente a diferença entre treinar calçado e descalço é o fato de proporcionar maior estímulo da musculatura dos pés para a estabilização corporal e da amplitude. Essa estimulação melhora o controle dos membros inferiores de maneira mais eficiente, a captação sensorial dos pés com o solo ajuda a controlar a postura, auxilia na recuperação da consciência corporal e a estimular os mecanismos de propriocepção (capacidade em reconhecer a localização espacial do corpo)", destaca Rodrigo Fenner, fisioterapeuta, coordenador e professor do curso de biomecânica e cinesiologia da Faculdade Uniguaçu.

Artigo publicado em setembro de 2023 na Revista Muscles, Ligaments and Tendons, afirma que o treino descalço é eficiente e melhora a força, a potência e a performance. Para não deixar dúvidas, o teste foi feito com tênis e descalço, com homens e mulheres e utilizou dois tipos de metodologias: baropodometria (identifica as alterações biomecânicas nos pés nas posições ortostática, estática e dinâmica) e estabilometria (mensura as oscilações na postura ortostática).

Os testes

Os testes foram conduzidos pelo PhD Alex Souto Maior, o profissional é um dos principais pesquisadores na área de treinamento de força para alta performance, prevenção de lesões e reabilitação. "Analisamos homens e mulheres treinados, todos realizaram o exercício de levantamento terra (DEADLIFT) descalço e com tênis com uma carga de 80% do peso corporal. Os resultados confirmaram que a estratégia contribui para a menor oscilação anteroposterior, oscilação laterolateral e a diminuição da pressão da superfície plantar (máxima e média), de ambos os sexos proporcionando maior estabilidade e resultando em maior desenvolvimento de força e potência".

Os dados contribuem para a compreensão qualitativa e quantitativa de que treinar descalço deve ser recomendado no fitness, na alta performance e na reabilitação por contribuir significativamente com a estabilidade e o artigo traz informações úteis para treinadores, médicos e fisioterapeutas no que diz respeito a alta performance, prevenção de lesões e reabilitação.

Justificativas

Segundo Fenner, o treino descalço é justificável apenas para alguns exercícios (agachamentos, terra, leg press, elevações pélvicas), ou seja, o tênis continua sendo um item necessário. E é fundamental ter o auxílio de um profissional de educação física e estar atento para evitar acidentes, tanto com a estruturas dos aparelhos ou de possíveis riscos com a queda de pesos e anilhas.

E para quem tem dúvida de qual tênis usar para o treino na musculação, a melhor opção são os com solados com menos amortecimento, pois quanto menor o amortecimento, mais solicitação do pé, que impactam o conforto e proteção, mas com relação à eficiência, melhor descalço.


"Vale lembrar que o pé humano tem um arco capaz de suportar a rigidez e deformação de acordo com os terrenos. Desta forma, armazena e libera energia por meio de ligamentos, aponeurose e tendões, a fim de fazer um trabalho eficiente muscular durante o movimento", esclarece Alex Souto Maior, doutor em fisiologia do exercício pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), coordenador e professor do curso de ciência da alta performance da Uniguaçu.

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