Cientistas do Instituto Butantan identificaram uma nova molécula capaz de combater superbactérias e outros patógenos de difícil controle, incluindo fungos. Batizado de Doderlina, o composto não é tóxico para humanos, o que aumenta as chances de ser usado em um potencial remédio.
Vale lembrar que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a resistência antimicrobiana é classificada como uma das 10 maiores ameaças à saúde pública do mundo. Neste cenário, é fundamental o desenvolvimento de novos medicamentos, como antibióticos. Se tudo ocorrer conforme o planejado, a molécula antimicrobiana do Butantan ajudará a compor esses futuros remédios.
Testes com molécula do Butantan
Descrita em estudo publicado na revista científica Research in Microbiology, a molécula foi extraída e sintetizada a partir do Lactobacillus acidophilus, um tipo de bactéria que habita a microbiota humana e que não provoca doenças.
Nos testes in vitro (em laboratório), a Doderlina conseguiu combater diferentes patógenos de interesse, sendo que três são recorrentes no Brasil. Entre eles, estão:
- Escherichia coli: a bactéria afeta o trato gastrointestinal e urinário, sendo de difícil controle. Em bebês, é associada à meningite neonatal, ou seja, um tipo de inflamação potencialmente fatal que envolve as membranas do cérebro e da medula espinhal;
- Pseudomonas aeruginosa: bactéria que pode causar infecções pulmonares e gastrointestinais graves;
- Candida albicans: é o fungo causador da candidíase, sendo mais comum na vacgina. A doença provoca coceira, irritação e fissuras, e o controle é difícil — tende a provocar infecções recorrentes.
Pesquisa contra superbactérias
Agora, os cientistas se dividem em duas frentes de pesquisa. Na primeira parte, a equipe busca analisar quais partes da molécula têm, de fato, ação microbiana. Localizar esses fragmentos centrais é fundamental para reduzir o tamanho da molécula, já que a efetividade de um composto aumenta com moléculas pequenas.
Em paralelo, a equipe busca financiamento para desenvolver testes pré-clínicos em animais. Nessa etapa, os pesquisadores irão descobrir se os resultados observados em laboratório se repetem em organismos vivos. Se novamente a resposta for positiva, o caminho estará pronto para os primeiros testes com humanos.
Fonte: Research in Microbiology e Instituto Butantan
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