Para prevenir casos da doença de Alzheimer, cientistas da da Chalmers University of Technology, na Suécia, testam um novo tipo de tratamento. Em laboratório, os minúsculos flocos de óxido de grafeno impedem o acúmulo das placas beta-amiloides — um tipo de proteína tóxica para o cérebro, associado ao declínio neurodegenerativo e à morte dos neurônios.
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Até o momento, a ciência ainda não descobriu um tratamento totalmente eficaz e seguro contra o avanço da doença de Alzheimer. Dessa forma, novas estratégias, como a que envolve o óxido de grafeno, são mais que necessárias. Os resultados da pesquisapreliminar foram compartilhados na revista Advanced Functional Materials.
O que é óxido de grafeno?
Na área médica, o óxido de grafeno está presente em pesquisas que buscam novos tratamentos contra o câncer, sistemas mais precisos para administração de remédios e até biossensores. Em comum, todos esses projetos usam o nanomaterial de carbono com boa condutividade e alta biocompatibilidade.
Assim como na pesquisa inicial no campo do Alzheimer, essas partículas de óxido de grafeno também são hidrofílicas (solúveis em água) e interagem bem com as proteínas — o alvo do novo tratamento a ser aplicado no cérebro. Em outras frentes de aplicação, o material pode até remover o urânio da água.
Como afeta a doença de Alzheimer?
No testes, foi possível observar que "o óxido de grafeno afeta o metabolismo das células, de forma a aumentar a resistência a proteínas beta-amiloides e ao estresse oxidativo", afirma Xin Chen, o primeiro autor do estudo, em nota.
"Como resultado, isso dificulta a formação de agregados protéicos [como as placas beta-amiloides] e promove a desintegração dos agregados já existentes", complementa Santosh Pandit, outro pesquisador envolvido no estudo.
Faltam testes em humanos
Talvez, a maior limitação da pesquisa seja o tipo de célula usada nos experimentos. Por enquanto, a equipe testou a potencial terapia em um tipo de levedura usada na fabricação de pães, a Saccharomyces cerevisiae.
Apesar da aparente distância com as células humanas, os pesquisadores explicam que ambas possuem sistemas muito semelhantes quando se analisa os mecanismos de controle de qualidade das proteínas — a beta-amiloide é a proteína que deu errado e precisa ser descartada.
"As células de levedura no nosso modelo assemelham-se a neurônios afetados pela acumulação da beta-amiloide, que é a forma de peptídeo [proteína] amiloide mais propensa à formação de placas", afirma Chen. Além disso, ele explica que "essas células [intoxicadas] envelhecem mais rápido que o normal, apresentam estresse no retículo endoplasmático e disfunção mitocondrial", o que se assemelha ao declínio provocado pela doença de Alzheimer.
Agora, a pesquisa buscará entender se o mesmo mecanismo poderia proteger contra outros tipos de distúrbios, como o Parkinson. Os autores também buscam desenvolver um sistema que permita a entrega do óxido de grafeno, de forma localizada, no cérebro.
Fonte: Advanced Functional Materials e Chalmers University of Technology
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