A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, nesta segunda-feira (25/9), o medicamento Mounjaro, da farmacêutica Eli Lilly, para o tratamento contra diabetes tipo 2. Com o princípio ativo tirzepatida, o remédio tem atuação parecida com o Ozempic — que se popularizou como ferramenta para perda de peso.
Vale lembrar que o uso contra a obesidade não foi liberado. "É contraindicado a pacientes que estão com o peso certo, mas querem perdem uns quilos sem motivo ou comorbidades, como diabetes ou pré-diabetes", afirma Maria Fernanda Barca, doutora em endocrinologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
Assim como o Ozempic, a aplicação do Mounjaro será por meio de injeções semanais. Antes de chegar ao Brasil, o medicamento já tinha sido liberado nos Estados Unidos e na Europa. Segundo a bula, o Mounjaro atua no controle da glicemia, reduzir a quantidade de glicose, aumenta a liberação de insulina e atrasa o esvaziamento gástrico, o que pode reduzir a velocidade da absorção da glicose após a refeição e pode ter uma efeito benéfico sobre a glicemia.
O remédio não é indicado a pessoas que tenham histórico pessoal ou familiar de carcinoma medular de tireoide, que é um tipo raro de tumor maligno na tireoide, ou em pacientes com neoplasia endócrina múltipla tipo 2, uma síndrome genética caracterizada pela presença de tumores envolvendo algumas glândulas endócrinas.
A segurança e eficácia da tirzepatida foram avaliadas em cinco estudos globais aleatorizados,
controlados, de fase 3, que avaliaram o controlo glicémico como objetivo primário. As pesquisas envolveram 6.263 pacientes com diabetes tipo 2. Os objetivos secundários incluíram peso corporal e glicemia em jejum. Todos os cinco estudos de fase 3 avaliaram a tirzepatida 5 mg, 10 mg
e 15 mg. Os pacientes tratados com tirzepatida começaram com 2,5 mg durante 4 semanas. Posteriormente, a dose do princípio ativo foi aumentada em 2,5 mg de 4 em 4 semanas, até atingirem a
dose atribuída.
Em testes, o medicamento ajudou pessoas com sobrepeso a perder até 15,6 quilos, em um período de 72 semanas. Os efeitos a longo prazo do medicamento ainda não são bem especificados. A doutora Maria Fernanda Barca, especialista em tireoide, explica que já existem estudos avançados em desenvolvimento sobre a aplicação do Mounjaro contra a obesidade. "Estamos esperando com grande expectativa. Em termos de possíveis riscos, os efeitos colaterais são os de sempre, como enjoo, náuseas e mais refluxo, para quem (já) tem", diz.
O remédio é visto como um marco no tratamento de diabetes tipo 2. "A Lilly revolucionou o tratamento do diabetes em vários momentos da história como quando disponibilizou a primeira insulina em larga escala no mundo em 1923 e na introdução da insulina humana em 1982, que foi o primeiro medicamento biológico feito a partir de DNA recombinante", lembrou Luiz Magno, diretor sênior da Lilly Brasil, em comunicado à imprensa.
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