Apesar do transplante renal ser a forma mais eficaz de tratar pacientes com falência do órgão, faltam métodos eficientes e pouco invasivos para identificar a falência do procedimento cirúrgico nas fases iniciais. Pensando nisso, um grupo internacional de pesquisadores criou um pequeno dispositivo implantável capaz de detectar precocemente problemas no transplante renal. O resultado foi obtido em experimentos com ratos, e a expectativa é de que a invenção seja aplicada em humanos.
De acordo com os criadores, o sensor implantável consegue avisar sobre uma falha no transplante renal entre duas e três semanas antes dos marcadores sanguíneos, normalmente utilizados para monitorar os pacientes. O dispositivo ainda fornece monitoramento contínuo em tempo real da temperatura do órgão e da condutividade térmica, detectando processos inflamatórios associados à rejeição do enxerto.
"Demonstramos que um aumento na temperatura está associado à rejeição antes de observarmos alterações nos marcadores sanguíneos, como creatinina sérica e nitrogênio ureico no sangue", enfatiza Lorenzo Gallon pesquisador da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos e coautor do estudo, publicado, na edição desta semana da revista Science. O cientista lembra, ainda, que os marcadores sanguíneos atualmente em uso não são sensíveis nem específicos. "A biópsia renal de referência, considerada o padrão ouro, é muito invasiva e está associada a complicações", completa.
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Luiz Roberto Ulisses, nefrologista e coordenador médico da NefroClínicas Brasília, pontua que manter o bom funcionamento do órgão é um grande desafio para médicos e pacientes. Segundo ele, prever a rejeição e a falência o quanto antes ajuda a evitar o agravamento. "Aumentar a sobrevida do enxerto impede o retorno à fila de transplante. Portanto, ao entender e poder prevenir a falência, poderemos reduzir o número de pessoas que aguardam um novo rim."
Giuseppe Cesare Gatto, nefrologista do Hospital Universitário de Brasília, concorda. "Criar estratégias para a monitoração dos eventos de rejeição pode contribuir para um diagnóstico precoce, o que tem potencial de diminuir a gravidade da rejeição e aumentar a possibilidade de cura, podendo, assim, elevar a sobrevida do órgão transplantado e do paciente", diz. A equipe trabalha para validar a descoberta em animais de grande porte e avançar para aplicações em seres humanos, prevista para até dois anos. (IA)