Astronomia

Missão da Nasa traz pedaço de asteroide à Terra; saiba detalhes da operação

Essa é a primeira missão dos EUA a trazer um pedaço de um asteroide de volta à Terra. A Nasa usará a sonda OSIRIS-REx para fazer o trabalho

A amostra do asteroide Bennu também contextualizará as outras formas de estudar a época da formação do Sistema Solar: os meteoritos -  (crédito: Reprodução/Nasa)
A amostra do asteroide Bennu também contextualizará as outras formas de estudar a época da formação do Sistema Solar: os meteoritos - (crédito: Reprodução/Nasa)
postado em 20/09/2023 17:43

Quase três anos após tocar a superfície do asteroide Bennu, a sonda OSIRIS-REx da Nasa está voltando à Terra com uma amostra coletada durante a missão. O pouso está previsto para ocorrer no deserto de Utah no domingo (24/9), tornando-se a primeira missão dos EUA a trazer um pedaço de um asteroide de volta à Terra.

O Bennu é o asteroide “potencialmente perigoso” mais conhecido. Com um formato de pião com cerca de meio quilômetro de largura, o estudo das suas propriedades poderá dar luz novas ideias sobre a época do nascimento dos planetas. Acredita-se que asteroides como este podem ter trazido água para a Terra.

No dia 24 de setembro, por volta das 11h42 (horário de Brasília), a cápsula entrará na atmosfera e lançará um paraquedas, pousando em uma determinada área do Campo de Testes e Treinamento da Força Aérea dos EUA, em Utah.

A cápsula será, então, levada para uma sala especial equipada para evitar contaminação, onde será processada. Itens como a proteção térmica e o invólucro traseiro serão removidos e o nitrogênio será usado para remover o oxigênio e a umidade do recipiente da amostra.

Em seguida, a amostra será levada para o Centro Espacial Johnson da Nasa, onde será aberta em sala limpa especializada e dentro de um porta-luvas. A partir daí, parcelas da amostra serão entregues aos institutos de pesquisa que a solicitarem. A equipe estima que tenham mais do que os 60 gramas necessários. A Nasa estima que foram coletados entre 400 e 1.000 gramas de material.

“Estou muito interessado na chegada dos espécimes do asteroide Bennu. Este será o maior espécime que recebemos de um asteroide até agora”, disse Bob Macke, curador de meteoritos do Observatório do Vaticano, ao site IFLScience.

Macke desenvolveu um picnômetro, um dispositivo para medir o volume e, portanto, a densidade e a porosidade do material cósmico. A avaliação dessas características fornecerá uma ideia clara de como Bennu surgiu. A expectativa era que o asteroide fosse coberto por solo semelhante à areia, mas ao invés disso, o OSIRIS-REx descobriu muitas pedras. O material mais fino e mais fácil de coletar foi encontrado em crateras e depressões na superfície.

“Tornou-se evidente que o material que poderíamos coletar estava nessas pequenas crateras em forma de tigela, para as quais a equipe da espaçonave não estava entusiasmada em enviar a espaçonave. Mas imediatamente pensei: temos que descobrir como entrar em uma dessas crateras. E foram as imagens estéreo que [permitiram isso], esse foi o meu momento 'Uau'”, disse Dante Lauretta, investigador principal do OSIRIS-REx, ao IFLScience.

A composição peculiar de Bennu é uma das razões pelas quais foi escolhido como a primeira missão de retorno de amostras de asteroides dos EUA. O asteroide é como uma cápsula do tempo que remete ao nascimento do Sistema Solar e que pode revelar mais sobre as condições da área na época da formação do nosso planeta.

A amostra de Bennu também contextualizará as outras formas de estudar a época da formação do Sistema Solar: os meteoritos. Embora alguns meteoritos sejam da Lua e de Marte, muitos deles vêm de asteroides. Infelizmente, o tipo de asteroides de onde eles vieram e onde estão no Sistema Solar continuam desconhecidos. A amostra ajudará a esclarecer algumas dessas dúvidas.

“Para dar o próximo passo na pesquisa de meteoritos, precisamos realmente ter esse contexto: tanto o contexto geológico de quais rochas estavam ao redor da amostra que obtivemos, mas também o contexto astronômico, conhecendo a localização no Sistema Solar, o chegou a amostra”, afirma a professora Sara Russell, parte da equipe de análise de amostras OSIRIS-REx do Museu de História Natural de Londres, ao IFLScience.

“As missões espaciais [como a OSIRIS-REx] são como trabalho de campo para meteoricistas. São o próximo passo que nos permitirá aprender mais sobre estas rochas realmente importantes e o que elas nos podem dizer sobre o início do Sistema Solar", destaca Russell.

Após a entrega da carga, a missão mudará de nome para OSIRIS-APEX, continuando em direção a outro objeto próximo à Terra, o asteroide Apophis, que alcançará em 2029.

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