O médico Roland Montenegro Costa, 70 anos, foi pioneiro na medicina em Brasília. Com 45 anos de atuação médica, o cirurgião inovou ao tratar pacientes com tumores, principalmente, no fígado e no pâncreas e criou uma técnica que se tornou referência no tratamento de câncer que afeta o duodeno ou a papila duodenal. Roland morreu no sábado (16/9), em acidente de avião em Barcelos, no Amazonas, onde foi para praticar pesca esportiva.
Em 2005 o cirurgião descreveu, pela primeira vez, a técnica de anastomose pancreato gástrica, usada em todos os casos de pacientes que são submetidos a uma cirurgia de duodenopancreatectomia cefálica, onde é retirada da cabeça do pâncreas e o duodeno. “São doentes que têm câncer localizado na cabeça do pâncreas, no duodeno, na papila duodenal ou na parte distal do colédoco, todos esses tumores são tratados pela ressecção do duodeno e a cabeça de pâncreas e, quando essa ressecção é feita, essa técnica do Roland pode ser empregada”, explicou Alexandre Rezende, chefe de equipe de cirurgia geral e HPB dos hospitais da Rede Mater Dei de Saúde, em Belo Horizonte.
A inovação cirúrgica diminuiu drasticamente as chances de complicações desses pacientes, caindo de 25% para 5% e, por isso, recebeu o sobrenome do médico e passou a chamar técnica Montenegro, “Roland deixa um legado técnico e científico. Essa técnica de reconstrução para sempre vai ficar marcada com seu nome e, seguramente, vai ser usada em várias partes do mundo por diferentes cirurgiões, podendo ajudar pacientes em todos os cantos do mundo. É uma marca importante do ponto de vista científico, sem dúvida nenhuma”, ressaltou Alexandre Rezende.
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Esse tratamento de tumor na cabeça do pâncreas é um dos mais complicados dentro da especialidade médica e de cirurgia geral, por isso a técnica desenvolvida por Roland foi tão importante para a medicina, por possibilitar o tratamento de pacientes que, antes, não teriam as mesmas chances de sobrevivência que tiveram após a aplicação do método de Montenegro. “Essa operação pancreática do detectomia ou duodeno pancreatectomia é das operações mais complexas e difíceis de se realizar no mundo, ela é extremamente trabalhosa, demanda de muitos cuidados técnicos e essa técnica do Roland é uma das possibilidades mais eficientes e criativas que a gente tem para reconstrução”, destacou Alexandre Rezende.
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