Com a proximidade do inverno no Hemisfério Norte, a Organização Mundial da Saúde (OMS) teme uma onda mais forte de covid-19 nesta região do globo, especialmente devido à baixa adesão às doses de reforço de vacina. Além disso, apenas um quarto dos países signatários — 43 — estão repassando à agência da ONU estatísticas de novos casos, e, desses, apenas 20 informam sobre hospitalizações. Os alertas foram feitos, nesta quarta-feira (06/09), pelo diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em uma coletiva de imprensa on-line.
“Estamos vendo tendências preocupantes da covid-19 na meia estação no Hemisfério Norte. Há aumento de casos em algumas partes do Oriente Médio, na Ásia e na Europa. As hospitalizações também aumentam em diversas regiões”, destacou Ghebreyesus. “Ainda assim, os dados são limitados. Uma grande preocupação da OMS é o baixo número de pessoas que receberam a dose adicional da vacina”, destacou.
Segundo o diretor-geral da OMS, não há, atualmente, uma variante dominante no globo, mas a falta de informações enviadas à organização pode mascarar a situação. Por enquanto, o que se sabe é que a circulação da subvariante EG.5, da ômicron, está aumentando. Também chamada de eris, a versão é classificada como “de interesse” devido a uma mutação na proteína spike, que permite a entrada do vírus nas células humanas. Embora as evidências não apontem para uma gravidade maior, a eris, aparentemente, é mais virulenta que as anteriores, se espalhando rapidamente na Europa, nos Estados Unidos e na China. A cepa já circula no Brasil, inclusive no Distrito Federal.
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"Estimamos que, atualmente, há centenas de milhares de pessoas hospitalizadas por covid", afirmou María Van Kerkhove, agente técnica da OMS para a covid-19, também na coletiva on-line. "Isso é preocupante porque vamos ter meses mais frios em alguns países. As pessoas passarão mais tempo juntas no interior (de seus lares), e os vírus transmitidos pelo ar, como o da covid, se beneficiarão", destacou. Também têm esse perfil, os vírus da gripe e do VRS (da bronquiolite), entre outros.
Vacinas
Ghebreyesus enfatizou a necessidade de reforçar as campanhas de vacinação, pois, de acordo com ele, muitas pessoas deixaram de procurar pelo reforço do imunizante. “É preciso lembrar as pessoas que tomem a segunda dose caso seja indicado para elas.”
Apesar do aumento no número de casos de covid e do surgimento de novas variantes, François Balloux, do Instituto de Genética da Universidade College London, na Inglaterra, não acredita que o momento inspire preocupação excessiva. “Houve um interesse renovado na mídia sobre as variantes do Sars-CoV-2. A primeira a chamar a atenção foi a eris (EG.5/EG.5), e, mais recentemente, a variante BA.2.86. Nesse caso, com razão, pois é a cepa mais impressionante que o mundo testemunhou desde o surgimento da ômicron”, relata, lembrando que esta última tem uma série de mutações na proteína spike.
Contudo, para Balloux, trata-se de um cenário muito diferente do observado no início da pandemia, decretada em 2020 pela OMS. “Mesmo no pior cenário, em que BA.2.86 cause uma nova onda importante de casos, não esperamos testemunhar níveis comparáveis de doença grave e morte aos que vimos no início da pandemia, quando as variantes alfa, delta ou omicron se espalharam. A maioria das pessoas no planeta já foi vacinada e/ou infectada pelo vírus. Mesmo que as pessoas sejam reinfectadas, a memória imunitária permitirá que o seu sistema imunitário entre em ação e controle a infecção de forma muito mais eficaz”, tranquiliza.
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