Mães e pais de primeira viagem levam dois anos para voltar a se sentir felizes no relacionamento após o nascimento do filho. A constatação é de uma pesquisa realizada com mais de 600 pais, na Alemanha. Segundo o estudo, a satisfação de casais nos relacionamentos retorna mais cedo no nascimento do segundo filho. Após um período de dois meses, os pais relataram ter se sentido mais habituados à nova rotina e felizes.
"O nascimento de um filho parece estar geralmente associado a um declínio da satisfação no relacionamento dos pais, independentemente de ser o primeiro ou o segundo. No entanto, as diferenças foram evidentes: os pais pela primeira vez apresentaram um nível mais elevado de satisfação no relacionamento antes do nascimento do que os pais pela segunda vez e um declínio mais acentuado após o nascimento", ressalta a pesquisa.
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O estudo ainda destaca que a evolução da autonomia da criança e o aumento da experiência parental são fatores fundamentais para que os pais tenham tempo de se dedicar ao relacionamento com o parceiro. "Menos recursos devem ser investidos no cuidado das crianças, o que por sua vez abre mais tempo", dizem os autores.
Os pesquisadores chamam a atenção para o fato de que a baixa satisfação no relacionamento pode fazer com que os parceiros se sintam menos próximos e apoiados entre si. No entanto, o relato dos pais acerca da queda da sensação de felicidade em uma relação amorosa não foi atrelada a um total sentimento de infelicidade, pois o nascimento de um filho foi descrito como uma das metas de vida de muitos casais.
"É importante ter em mente que a satisfação no relacionamento por si só não determina a satisfação geral com a vida de uma pessoa — em vez disso, representa apenas um dos seus aspectos. Pode, portanto, ser possível que, embora a satisfação diminua durante a transição para a parentalidade, o sentimento de ter encontrado um sentido na vida aumente através do nascimento e do cuidado do próprio filho", pontua a pesquisa.
Os pesquisadores pretendem desenvolver outros estudos para investigar as diferenças nos níveis de felicidade em mulheres e homens. "Além disso, para compreender melhor quais os casais que correm um risco particular de apresentar um grave declínio da satisfação no relacionamento durante a transição para a parentalidade, o conjunto de preditores deve ser alargado ou variado, por exemplo: saúde mental, gravidez planeada/não planeada, condições de trabalho, tratamento de cuidados infantis e criação dos filhos, ou o comportamento de sono da criança", conclui o estudo.
Cabe destacar que a chegada de um filho, embora seja muito esperada por muitos pais, gera muitas demandas e mudanças de rotina. Esses aspectos podem causar uma sobrecarga emocional. Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em cada quatro mulheres brasileiras, mais de uma apresenta sintomas de depressão no período de 6 a 18 meses após o nascimento do bebê. Cerca de 10% dos homens pais de recém-nascidos também sofrem com sintomas depressivos, a condição é chamada de baby blues masculina.
O estudo foi publicado na revista PLOS One e pode ser acessado na íntegra neste link.
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