Uma equipe de cientistas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), da Polish Academy of Science (na Polônia) e da Universidade de Winnipeg (no Canadá) descobriu uma vala comum na terra indígena São Marcos, em Barra do Garças (MT).
Resultado preliminar da pesquisa indica que o local foi utilizado para enterrar indígenas vítimas de violação de direitos durante a ditadura militar no Brasil.
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Os xavantes de Marãiwatsédé foram vítimas de uma retirada compulsória do próprio território para a região de São Marcos, cerca de 500km de distância de outro grupo de xavantes. Essa transferência foi realizada por meio de aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) para um local marcado por epidemia de sarampo. Com o surto da doença, vários indígenas foram tomados pela doença e morreram.
"Embora existam relatos diversos sobre o processo histórico que culminou na vala comum, a materialidade da vala só foi confirmada agora", afirmou a arqueóloga forense Claudia Plens, em entrevista à Agência Brasil. Plens é professora do Departamento de História da Unifesp e lidera a pesquisa.
“Por meio das entrevistas e, posteriormente, pelo georadar (método de investigação subterrânea), conseguimos localizar a vala comum. Não houve preservação dos esqueletos. Mas, do ponto de vista da arqueologia forense, os dados do georadar, associados às feições no sedimento, são suficientes para identificar a vala comum”, relatou a pesquisadora.