Cannabis

Uso regular de maconha aumenta risco de complicações cirúrgicas

Entre os riscos estão isquemia miocárdica, lesão renal aguda, acidente vascular cerebral, insuficiência respiratória, tromboembolismo venoso, infecção hospitalar e complicações relacionadas ao procedimento cirúrgico

Um estudo realizado por pesquisadores da UTHealth Houston, publicado nesta quarta-feira (5/7), no JAMA Surgery aponta que pessoas que são usuárias regulares de cannabis correm um risco maior de sofrer complicações antes, durante e após uma cirurgia.

Segundo o Instituto Nacional de Abuso de Drogas dos Estados Unidos, quase 16,3 milhões de pessoas tiveram um distúrbio de uso de cannabis (DUC) em 2021. Definido pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças, o transtorno do uso de cannabis ocorre quando alguém não consegue parar de usar maconha, mesmo que esteja causando problemas de saúde e sociais.

Os pesquisadores descobriram que os pacientes com DUC são aproximadamente 20% mais propensos a sofrer uma complicação pós-operatória significativa do que os outros pacientes.

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"O primeiro encontro de um número significativo de pacientes com o sistema de saúde é para cirurgia. A maioria tem outros problemas relacionados à saúde, como pressão alta e diabetes, dos quais talvez não soubessem anteriormente. O uso de cannabis se enquadra na categoria de um problema relacionado à saúde. Pode não ser tão inofensivo quanto as pessoas pensam, mas pode ter um impacto significativo em sua saúde", afirma Paul Potnuru, primeiro autor do estudo e professor assistente do Departamento de Anestesiologia, Cuidados Intensivos e Medicina da Dor da McGovern Medical School da UTHealth Houston.

Usando o National Inpatient Sample Database, os pesquisadores analisaram 62.110 internações de grandes cirurgias eletivas realizadas nos Estados Unidos de 2016 a 2019.

De acordo com o estudo, os pacientes com DUC tiveram um risco aumentado de complicações pós-operatórias, incluindo isquemia miocárdica, lesão renal aguda, acidente vascular cerebral, insuficiência respiratória, tromboembolismo venoso, infecção hospitalar e complicações relacionadas ao procedimento cirúrgico. Além disso, o custo da internação hospitalar foi maior para esses pacientes do que para aqueles sem o distúrbio.

Com a taxa crescente de uso de maconha e o aumento da potência dos produtos de cannabis, Potnuru disse que há preocupações de segurança para pacientes com uso frequente da erva que se submetem a cirurgia. No início deste ano, a Sociedade Americana de Anestesia Regional e Medicina da Dor divulgou novas diretrizes para o rastreamento do uso de cannabis em todos os pacientes antes da cirurgia e recomenda informá-los sobre o aumento do risco de resultados adversos.

“Do ponto de vista da anestesia, os usuários de cannabis podem precisar de doses mais altas de medicamentos anestésicos durante a cirurgia. Eles também podem ter níveis mais altos de dor após a cirurgia e exigir mais opioides. Os médicos devem estar cientes do nível de uso de cannabis de um paciente para adequar a quantidade de medicamentos administrados e monitorar de perto as complicações”, alerta Potnuru.

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