Infância

Bebês com alergia alimentar correm risco quatro vezes maior de ter asma

Pesquisa americana mostra que bebês com alergia a amendoim, soja e outros ingredientes apresentam risco ampliado de desenvolver asma na primeira infância e ter a função pulmonar comprometida a longo prazo

*Correio Braziliense
postado em 26/07/2023 06:02
Segundo cientistas, uma função pulmonar reduzida na infância está associada a problemas de saúde na idade adulta, incluindo os cardíacos. -  (crédito: HANS SCOTT)
Segundo cientistas, uma função pulmonar reduzida na infância está associada a problemas de saúde na idade adulta, incluindo os cardíacos. - (crédito: HANS SCOTT)

Ter alergia alimentar quando bebê aumenta o risco de asma mais tarde na infância, segundo um estudo mundial liderado pelo Murdoch Children's Research Institute e publicado no Lancet Child & Adolescent Health. Segundo Rachel Peters, um dos autores da pesquisa, o artigo é o primeiro a examinar a relação entre a reação exagerada do organismo contra ingredientes, como amendoim e soja, e a redução da função pulmonar.

A pesquisa envolveu 5.276 bebês do estudo HealthNuts, que foram submetidos a testes cutâneos para alérgenos alimentares comuns, incluindo ovo, e exames orais para testar esse tipo de alergia. O estudo constatou que, aos 6 anos, 13,7% receberam o diagnóstico de asma. A partir dessa idade, elas passaram a ser acompanhadas com mais rastreamentos, incluindo da função pulmonar.

A equipe observou que bebês com alergia alimentar tinham quase quatro vezes mais risco de desenvolverem asma mais tarde. O impacto foi maior em crianças cuja reação aos ingredientes persistiram ao longo da primeira infância. "Essa associação é preocupante, uma vez que o crescimento pulmonar reduzido na infância está associado a problemas de saúde na idade adulta, incluindo problemas respiratórios e cardíacos", afirmou Peters.

O cientista também lembrou que o desenvolvimento pulmonar está relacionado com a altura e o peso de uma criança, sendo que aquelas com alergia alimentar podem ser mais baixas e leves, quando comparadas às sem alergia. "Isso poderia explicar a ligação. Existem também respostas imunes semelhantes envolvidas no desenvolvimento de alergia alimentar e asma", esclareceu.

Shyamali Dharmage, professor da Murdoch Children e da Universidade de Melbourne, disse que as descobertas podem ajudar os médicos a adaptar o atendimento ao paciente e incentivar uma maior vigilância em relação ao monitoramento da saúde respiratória. As crianças com alergia alimentar devem ser tratadas por um especialista em imunologia clínica ou alergia, destacou.

 


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