Cientistas observaram pela primeira vez que nos primórdios do Universo o tempo passava "cinco vezes mais devagar".
Eles analisaram dados de quasares — objetos alimentados por buracos negros "supermassivos" no centro das primeiras galáxias —, e os usaram para medir o tempo logo após o início do Universo.
Os quasares estão entre os corpos celestes mais brilhantes e distantes conhecidos.
O astrofísico Geraint Lewis, professor da Universidade de Sydney, na Austrália, disse à BBC que isso confirma mais uma vez que vivemos em um Universo em expansão.
"Olhando para trás, para uma época em que o Universo tinha pouco mais de um bilhão de anos, vemos que o tempo parece fluir cinco vezes mais devagar [logo após o Big Bang]", afirma Lewis, principal autor do estudo publicado na revista científica Nature Astronomy.
"Se você estivesse lá, neste universo primitivo, um segundo pareceria um segundo — mas da nossa posição, mais de 12 bilhões de anos no futuro, esse tempo inicial parece se arrastar."
Os quasares são objetos brilhantes alimentados por buracos negros "supermassivos" que expelem energia à medida que se enchem de gás, poeira e outras matérias dentro de seu alcance gravitacional, de acordo com a Nasa, a agência espacial americana.
Lewis e o astroestatístico Brendan Brewer, da Universidade de Auckland, na Nova Zelândia, analisaram as cores de quase 200 quasares ao longo de 20 anos. Eles foram então capazes de padronizar o "tique-taque" de cada quasar.
Ao explicar o que tudo isso significa, os pesquisadores disseram que isso confirma a expectativa da teoria da relatividade geral de Albert Einstein — o que quer dizer que devemos observar o Universo distante funcionando muito mais devagar do que nos dias atuais.
"Graças a Einstein, sabemos que o tempo e o espaço estão interligados e, desde o início dos tempos na singularidade do Big Bang, o Universo está se expandindo", diz ele. "Essa expansão do espaço significa que nossas observações dos primórdios do Universo devem parecer muito mais lentas do que como o tempo flui hoje."
"Neste artigo, estabelecemos que isso remonta a cerca de um bilhão de anos após o Big Bang."
A universidade disse que os astrônomos haviam verificado anteriormente o movimento em câmera lenta do Universo em até cerca da metade da sua idade atual usando supernovas — explosão de estrelas massivas. Mas os quasares permitiram que o professor Lewis e sua equipe confirmassem a teoria ainda mais além, chegando a um décimo da idade do Universo.
"Até onde sabemos, a expansão vai continuar, e o Universo vai ficar maior e mais vazio", acrescentou o cientista ao programa Today, da BBC Radio 4.
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