Comumente, acreditamos que os relacionamentos variam em um espectro entre positivo e negativo. Nos aproximamos de familiares afetuosos, colegas atenciosos e mentores que nos apoiam, e tentamos evitar pessoas cruéis, valentões e chefes insensíveis. No entanto, os relacionamentos mais tóxicos não são aqueles puramente negativos, mas sim aqueles que mesclam aspectos positivos e negativos.
Frequentemente, nos referimos a esses indivíduos como 'amigos da onça', pessoas que às vezes nos ajudam e outras nos prejudicam. Esse conceito se estende a outros relacionamentos, como sogros que cuidam dos netos, mas criticam a forma como os educamos, ou colegas de quarto que nos apoiam durante um término, mas acabam se envolvendo com nossos ex-parceiros.
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Pesquisas inovadoras lideradas pelos psicólogos Bert Uchino e Julianne Holt-Lunstad revelam que relacionamentos ambivalentes podem ser mais prejudiciais à saúde do que aqueles puramente negativos. Um estudo mostrou que adultos apresentavam maior pressão arterial após interagir com pessoas que evocavam sentimentos contraditórios, em comparação com aqueles que evocavam sentimentos negativos.
Outra pesquisa, realizada por uma equipe independente de cientistas, descobriu que policiais eslovenos que se sentiam apoiados e humilhados pelos supervisores relataram mais sintomas físicos negativos e faltavam mais ao trabalho do que os que afirmavam que seu supervisor apenas os prejudicou. Entre idosos, quanto mais relacionamentos ambivalentes possuíam, mais deprimidos se sentiam, com batimentos cardíacos mais acelerados sob estresse e maior aumento da pressão arterial em resposta ao estresse nos 10 meses seguintes.
A ambivalência nos relacionamentos pode ser prejudicial por diversas razões. Primeiramente, são imprevisíveis, causando um curto-circuito no sistema nervoso parassimpático e ativando uma resposta de luta ou fuga. Além disso, as interações desagradáveis são mais dolorosas quando ocorrem em um relacionamento ambivalente, já que é mais perturbador ser decepcionado por pessoas que geralmente gostamos. Por fim, a ambivalência gera ruminação, fazendo-nos questionar se devemos confiar naquelas pessoas.
Embora 'amigos da onça' sejam aqueles que mais nos machucam, costumamos demorar mais para nos afastar deles do que dos inimigos. Relacionamentos ambivalentes são comuns em nossas vidas e, infelizmente, não parecemos melhorar com a idade ao lidar com eles.
É fundamental ser sincero ao comunicar-se nesses relacionamentos e estar aberto a sugestões construtivas. O feedback nem sempre leva à mudança, mas a mudança não acontece sem o feedback. Nem todo relacionamento ambivalente pode ou deve ser resgatado, mas é importante aprender com essas experiências e buscar relações mais saudáveis e gratificantes.
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