Os riscos de exposição a substâncias chamadas per e polifluoroalquil (Pfas) durante a gravidez foi associada a índices de massa corporal (IMCs) ligeiramente mais altos e a um risco aumentado de obesidade em crianças, de acordo com um novo estudo publicado na revista Environmental Health Perspectives e liderado por pesquisadores da Brown University, nos Estados Unidos. Esses compostos, chamados também de "produtos químicos eternos", estão presentes desde embalagens de fast food a espumas de combate a incêndio, maquiagens e brinquedos.
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Embora a associação feita pelos pesquisadores da Brown tenha sido sugerida em pesquisas anteriores, os dados foram inconclusivos. O novo estudo, por sua vez, envolve um conjunto de informações muito mais amplo, disse o principal autor, Yun Jamie Liu, pesquisador-associado de pós-doutorado em epidemiologia. "As descobertas foram baseadas em oito coortes de pesquisa localizadas em diferentes partes dos Estados Unidos, bem como com diferentes dados demográficos", afirmou. "Isso torna os resultados do nosso estudo mais generalizáveis para a população como um todo."
O estudo usou dados coletados ao longo de duas décadas de 1.391 crianças com idade entre 2 e 5 anos e suas mães, de sete estados norte-americanos. Presentes em milhares de produtos, os Pfas tóxicos são incrivelmente duráveis e acredita-se que persistam no ambiente infinitamente — por isso são conhecidos como "produtos químicos eternos".
Risco prevalece
Os pesquisadores analisaram os níveis de sete diferentes Pfas em amostras de sangue coletadas de mulheres durante a gravidez. Eles, então, calcularam o IMC de cada criança, uma medida aproximada de gordura corporal. Descobriram que, quanto maior a taxa das substâncias na corrente sanguínea da gestante, mais elevado o IMC dos filhos. O aumento do risco de obesidade foi igual, independentemente do sexo.
As associações foram observadas mesmo em baixos níveis de exposição aos Pfas, disse o autor sênior Joseph Braun, professor de epidemiologia e diretor do Centro de Saúde Ambiental Infantil da Brown's School of Public Health. Isso é importante observar, disse Braun, uma vez que as exposições às substâncias mudaram ao longo do tempo, pois alguns fabricantes eliminaram voluntariamente seu uso em resposta a preocupações com os efeitos associados à saúde, bem como à persistência ambiental.
"O fato de vermos essas associações em níveis relativamente baixos em uma população contemporânea sugere que, embora o uso de Pfas em produtos tenha diminuído, as grávidas de hoje ainda podem estar em risco", disse Braun. "Isso significa, de acordo com nossas descobertas, que seus filhos também podem estar em risco de efeitos nocivos à saúde associados às substâncias."
Nos últimos 10 anos, Braun esteve envolvido em vários estudos sobre os efeitos dos Pfas na saúde infantil. Esse tipo de dado, disse ele, pode ajudar a informar e a influenciar políticas ambientais e diretrizes de segurança. "Há um interesse contínuo em compreender os efeitos da exposição de baixo nível aos Pfas na saúde das crianças", destacou. "Estudos como esse podem ajudar pesquisadores e formuladores de políticas a entenderem melhor os riscos a fim de tomar ações eficazes para proteger as populações vulneráveis".
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