O movimento de estrelas no centro do aglomerado globular M4, localizado a 7.200 anos-luz de distância da Terra, tem intrigado cientistas. Segundo os pesquisadores, é provável que o fenômeno seja um buraco negro do tipo intermediário, que pesa cerca de 800 vezes a massa do Sol. O corpo celeste foi observado por meio do telescópio Hubble, da Nasa, e a massa é calculada pelo estudo do movimento das estrelas capturadas no campo gravitacional.
"Temos boa confiança de que temos uma região muito pequena com muita massa concentrada. É cerca de três vezes menor que a massa escura mais densa que encontramos antes em outros aglomerados globulares. A região é mais compacta do que podemos reproduzir com simulações numéricas quando levamos em conta uma coleção de buracos negros, estrelas de nêutrons e anãs brancas segregadas no centro do aglomerado. Elas não são capazes de formar uma concentração de massa tão compacta", explicou Eduardo Vitral, pesquisador do Space Telescope Science Institute e principal autor do estudo.
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Há dois tipos conhecidos de buracos negros: os estelares, com aproximadamente 100 massas solares, e os supermassivos. A primeira classificação é formada partir de estrelas que se tornam supernovas ou por estrelas de nêutrons que acabam se fundindo. Já os supermassivos são muito mais pesados que o sol e residem no centro de quase todas as galáxias. O primeiro buraco negro já descoberto, em 1971, pesava 21 vezes a massa do nosso Sol.
"Estima-se que nossa galáxia esteja repleta de 100 milhões de pequenos buracos negros (várias vezes a massa do nosso Sol) criados a partir de estrelas que explodiram. O universo, em geral, é inundado por buracos negros supermassivos, pesando milhões ou bilhões de vezes a massa do nosso Sol", informa a Nasa. Entretanto, por meio de variadas técnicas de observação, astrônomos identificaram buracos negros que podem se encaixar na categoria intermediária.
Uma das principais características desse tipo de corpo celeste é que eles possuem uma "massa escura" no centro, o que faz com que eles sejam pesados, mas não brilhantes o suficiente para serem vistos. “Medimos os movimentos das estrelas e suas posições e aplicamos modelos físicos que tentam reproduzir esses movimentos. Acabamos com a medição de uma extensão de massa escura no centro do aglomerado. Quanto mais perto da massa central, mais aleatoriamente as estrelas se movem. E, quanto maior a massa central, mais rápidas são as velocidades estelares", pontuou Eduardo Vitral.
Sendo assim, o corpo celeste continuará sendo alvo de observações e estudos. "Embora não possamos afirmar completamente que é um ponto central de gravidade, podemos mostrar que é muito pequeno. É muito pequeno para sermos capazes de explicar além de ser um único buraco negro. Alternativamente, pode haver um mecanismo estelar que simplesmente não conhecemos, pelo menos dentro da física atual", ressaltou o pesquisador.
O estudo foi publicado no periódico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society. Para acessar a pesquisa na íntegra basta clicar neste link.