ASTRONOMIA

James Webb encontra vestígios de água em atmosfera de exoplaneta

Cientistas descobriram que o gigante gasoso ultra quente WASP-18b tem vapor de água na atmosfera, além de grande variação de temperatura

Helena Dornelas
postado em 31/05/2023 17:56
Imagem ilustrativa do exoplaneta WASP-18b -  (crédito:  NASA/JPL-Caltech (K. Miller/IPAC))
Imagem ilustrativa do exoplaneta WASP-18b - (crédito: NASA/JPL-Caltech (K. Miller/IPAC))

Cientistas da NASA descobriram, com a ajuda do telescópio James Webb, que o WASP-18b, um exoplaneta descoberto em 2009, tem vapor de água na atmosfera.

Com o telescópio, foi possível fazer um mapa da temperatura do planeta à medida que se afastava da  estrela — que é ligeiramente maior que o Sol e a órbita dura apenas 23 horas. Este acontecimento é conhecido como um eclipse secundário. Os cientistas podem ler a luz combinada da estrela e do planeta, e depois refinar as medições apenas da estrela à medida que o planeta se desloca atrás dela.

O espectro da atmosfera do planeta mostra claramente várias características de água pequenas, mas medidas com precisão, presentes apesar das temperaturas extremas de quase 5.000 graus Fahrenheit (2.700 °C). A temperatura é tão alta que destruiria a maioria das moléculas de água, portanto, ainda ver sua presença demonstra a sensibilidade do telescópio James Webb.

Características da água do planeta WASP-18b
Características da água do planeta WASP-18b (foto: NASA/JPL-Caltech (R. Hurt/IPAC))

"Foi uma grande sensação olhar o espectro do WASP-18b no JWST pela primeira vez e ver a assinatura sutil, mas precisamente medida, da água. Usando essas medições, poderemos detectar essas moléculas em uma grande variedade de planetas nos próximos anos!", disse Louis-Philippe Coulombe, um dos pesquisadores para a Agência de Notícias da Nasa.

O WASP-18b é um gigante gasoso ultra quente 10 vezes mais maciço do que Júpiter e graças ao telescópio espacial James Webb é possível ver detalhes como a queda acentuada na temperatura, uma diferença de até 1.000 graus, longe do ponto do planeta diretamente virado para a estrela.

O coautor da pesquisa Ryan Challener explicou as possibilidades: "O mapa de brilho do WASP-18b mostra uma falta de ventos leste-oeste que é mais compatível com modelos com arrasto atmosférico. Uma possível explicação é que esse planeta tem um forte campo magnético, o que seria uma descoberta empolgante!"

Uma interpretação do mapa do eclipse é que os efeitos magnéticos forçam os ventos a soprar do equador do planeta para cima sobre o norte e para baixo sobre o sul, em vez de leste-oeste, como seria de se esperar. Os pesquisadores também registraram as mudanças de temperatura em diferentes elevações das camadas atmosféricas do planeta. Eles observaram que as temperaturas aumentam com a elevação, variando em centenas de graus.

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