Enfrentar decisões, principalmente as que têm o poder de causar grandes mudanças na vida, pode ser muito estressante. O medo do incerto e o receio de frustrações costuma deixa todo o processo de mudança muito mais "sofrido". Contudo, um estudo da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, mostrou que aqueles que aceitam escolhas "mais radicais", em uma importante decisão, acabam sendo mais felizes.
Na pesquisa, liderada pelo economista Steven Levitt, 22.511 pessoas aceitaram ou negaram uma decisão sobre um dilema. O dinâmica da pesquisa foi relativamente simples. Os voluntários entravam no site freakonomicsexperiments.com e entraram em contato com perguntas de variada seriedade — desde "Devo abrir o meu próprio negócio?" e "Devo pedir em casamento?" até "Devo deixar crescer os pelos da barba?”.
Após a apresentação das perguntas, uma espécie de "moeda virtual" girava em cara ou coroa entre uma resposta que não indicava mudanças e outra que indicava mudanças. "Cara" significava fazer a mudança e "coroa" significava não fazer.
Em seguida, os voluntário tinham de tomar a grande decisão: aceitar ou não as mudanças propostas.
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A tomada de decisão após um longo prazo
A ideia do projeto era acompanhar a pessoa após essa tomada de decisão, para detectar como se sentiram em relação a ela. Aqueles que aderiram ao programa receberam duas pesquisas após essas decisões. Uma delas ocorreu após dois meses, e outra na marca de seis meses.
A pesquisa de dois meses mostrou que os participantes que eram a favor de manter o status quo (ou seja, não fazer mudanças) ainda estavam seguros da decisão. Entretanto, na pesquisa de seis meses a maioria das pessoas disseram que gostaria de ter mudado as decisões.
Já para os participantes que escolheram fazer grandes mudanças, como se divorciar, sair do emprego, relataram na pesquisa após dois meses estarem felizes com a decisão e na de seis meses, a maioria sustentou que teriam mantido a mesma decisão.
O estudo também mostrou que um empurrãozinho em direção à mudança, como o lançamento positivo da moeda, pode ajudar as pessoas a tomarem decisões de maiores mudanças. As pessoas que tiraram cara — ou seja, fazer a mudança — tinham 25% mais probabilidades de declarar que estavam a fazer uma mudança do que as que tiraram a coroa.
O estudo foi publicado no The Review of Economic Studies, em 2020. Para o autor, as decisões que as pessoas tomam ao longo da vida nem sempre são baseadas na sinceridade ou vontade, mas em pressões sociais.
Os resultados da pesquisa concluíram que “no caso de decisões importantes (por exemplo, deixar um emprego ou terminar uma relação), as pessoas a quem o lançamento da moeda disse para fazer uma mudança têm mais probabilidades de a fazer, estão mais satisfeitas com as suas decisões e são mais felizes seis meses mais tarde do que aquelas a quem o lançamento da moeda deu instruções para manter o status quo".
"Na sua esmagadora maioria, as pessoas que fizeram uma mudança estavam mais satisfeitas do que as que não a fizeram", indicou Levitt.
O pesquisador conclui que o lançamento da moeda influenciou igualmente homens e mulheres, em todas as faixas etárias e níveis de rendimento.
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