Até o final deste ano 73.610 brasileiras serão diagnosticadas com câncer de mama e 17.010 com tumor do colo do útero, doenças que têm em comum o fato de estarem presentes entre mulheres jovens. Cerca de metade das pacientes com câncer do colo uterino são diagnosticadas em idade fértil, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), e a ocorrência de neoplasia de mama em adultas de até 35 anos passou de 2 para 5%, segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM).
Trata-se de uma população em idade reprodutiva que diante do diagnóstico de um desses tumores, deve receber o suporte de uma equipe multiprofissional antes mesmo de iniciar o tratamento, a fim de assegurar-lhe o direito de decisão referente à oncofertilidade, como explica a oncologista do Grupo Oncoclínicas, Angélica Nogueira, coordenadora do “OC Mulher”.
- Vacina contra o HPV ajuda a prevenir o câncer do colo do útero
- Governo lança estratégia nacional de prevenção ao câncer do colo do útero
“A paciente que deseja engravidar futuramente deve ser acolhida e orientada pelo seu oncologista assistente e por um especialista em medicina reprodutiva. É a equipe médica que avalia os impactos da quimioterapia, radioterapia, hormonioterapia e programação cirúrgica na capacidade reprodutiva, e a oncofertilidade é empregada antes de dar início ao tratamento individualizado contra o câncer”, relata Angélica Nogueira.
A oncofertilidade é uma saída
Antônio Eugênio Motta Ferrari, especialista em reprodução assistida do Hospital Vila da Serra, acrescenta que a oncofertilidade é uma abordagem capaz de preservar a fertilidade por meio de técnicas seguras sem prejudicar o método curativo.
“Atualmente, os métodos mais recomendáveis para mulheres com menos de 40 anos diagnosticadas com câncer são a criopreservação de óvulos ou dos embriões e a criopreservação de tecido ovariano. O congelamento de óvulos consiste em retirar óvulos maduros, após estimulação injetável de ovulação, e congelá-los em nitrogênio líquido a 195°C negativos. Na criopreservação de embriões, são retirados óvulos maduros que, antes de serem congelados, são fecundados por meio de fertilização in vitro (FIV) com o sêmen do parceiro ou de um banco de esperma. Na criopreservação de tecido ovariano é retirada parte ou todo o tecido ovariano para o seu congelamento. Futuramente, o tecido é descongelado e podem ser realizadas duas abordagens: maturação in vitro (MIV), ou seja, desenvolvimento dos folículos ovarianos em ambiente laboratorial, ou o tecido ovariano é transplantado para a pelve da própria paciente”, descreve Antônio Eugênio Motta Ferrari.
Mais sobre o câncer de mama
O câncer de mama lidera o ranking dos que mais afetam a população mundial, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), com mais de 2,2 milhões de casos. No Brasil, esse tumor corresponde a cerca de 10% de todos os diagnósticos da doença registrados no país, segundo o Ministério da Saúde.
O diagnóstico precoce é fundamental para as chances de recuperação das pacientes por meio da mamografia anual a partir dos 40 anos e exames de imagem, estratégia que aumenta a detecção de tumores em estadios iniciais, onde é maior a chance de cura.
Segundo Angélica Nogueira, mulheres com histórico de câncer na família devem ser avaliadas a respeito de câncer hereditário, cenário em que são necessárias estratégias específicas de rastreio.
Mais sobre o câncer do colo do útero
De acordo com Angélica Nogueira, mais de 90% dos casos do câncer do colo do útero estão ligados ao HPV: "Infelizmente, apenas metade das meninas são vacinadas no Brasil e isso pode impactar diretamente no problema. Isso poderia reduzir em até 95% as chances de desenvolvimento da neoplasia".
Desde 2014, a vacina contra o HPV é oferecida gratuitamente nas Unidades Básicas de Saúde no Brasil e está disponível atualmente para todas as crianças e adolescentes de 9 a 14 anos.
"A imunização pode ajudar não só a prevenir o câncer do colo do útero, como também o de vulva, vagina e ânus nas mulheres, de pênis nos homens e de orofaringe em ambos", observa Angélica Nogueira. A vacina também é indicada para pacientes com câncer, HIV e transplantados (em homens e mulheres até 45 anos).
Saiba Mais
- Blogs Redirect CGU assegura que vai solicitar autorização para novo concurso até 31 maio
- Ciência e Saúde Por que primeiro pangenoma humano pode revolucionar a medicina
- Brasil 'Não presta como mulher': a superação de estigma após retirada do útero
- Mundo Evento 'Nuit Blanche' levará a Amazônia para o rio Sena
- Ciência e Saúde Dia Nacional de Combate à Cefaleia: identifique os tipos de dores de cabeça
- Mundo Unicef alerta que mais de 100 mil menores correm risco de desnutrição grave no Haiti
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.