SAÚDE

Técnicas avançadas permitem à mulher engravidar pós tratamento oncológico

Câncer de mama e do colo do útero podem afetar a fertilidade. A oncofertilidade é uma abordagem capaz de preservá-la

Estado de Minas
postado em 12/05/2023 11:36 / atualizado em 12/05/2023 11:36
 (crédito: Reprodução/Freepik)
(crédito: Reprodução/Freepik)

Até o final deste ano 73.610 brasileiras serão diagnosticadas com câncer de mama e 17.010 com tumor do colo do útero, doenças que têm em comum o fato de estarem presentes entre mulheres jovens. Cerca de metade das pacientes com câncer do colo uterino são diagnosticadas em idade fértil, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), e a ocorrência de neoplasia de mama em adultas de até 35 anos passou de 2 para 5%, segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM).

Trata-se de uma população em idade reprodutiva que diante do diagnóstico de um desses tumores, deve receber o suporte de uma equipe multiprofissional antes mesmo de iniciar o tratamento, a fim de assegurar-lhe o direito de decisão referente à oncofertilidade, como explica a oncologista do Grupo Oncoclínicas, Angélica Nogueira, coordenadora do “OC Mulher”.

“A paciente que deseja engravidar futuramente deve ser acolhida e orientada pelo seu oncologista assistente e por um especialista em medicina reprodutiva. É a equipe médica que avalia os impactos da quimioterapia, radioterapia, hormonioterapia e programação cirúrgica na capacidade reprodutiva, e a oncofertilidade é empregada antes de dar início ao tratamento individualizado contra o câncer”, relata Angélica Nogueira.

A oncofertilidade é uma saída

Antônio Eugênio Motta Ferrari, especialista em reprodução assistida do Hospital Vila da Serra, acrescenta que a oncofertilidade é uma abordagem capaz de preservar a fertilidade por meio de técnicas seguras sem prejudicar o método curativo.

“Atualmente, os métodos mais recomendáveis para mulheres com menos de 40 anos diagnosticadas com câncer são a criopreservação de óvulos ou dos embriões e a criopreservação de tecido ovariano. O congelamento de óvulos consiste em retirar óvulos maduros, após estimulação injetável de ovulação, e congelá-los em nitrogênio líquido a 195°C negativos. Na criopreservação de embriões, são retirados óvulos maduros que, antes de serem congelados, são fecundados por meio de fertilização in vitro (FIV) com o sêmen do parceiro ou de um banco de esperma. Na criopreservação de tecido ovariano é retirada parte ou todo o tecido ovariano para o seu congelamento. Futuramente, o tecido é descongelado e podem ser realizadas duas abordagens: maturação in vitro (MIV), ou seja, desenvolvimento dos folículos ovarianos em ambiente laboratorial, ou o tecido ovariano é transplantado para a pelve da própria paciente”, descreve Antônio Eugênio Motta Ferrari.

Mais sobre o câncer de mama

O câncer de mama lidera o ranking dos que mais afetam a população mundial, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), com mais de 2,2 milhões de casos. No Brasil, esse tumor corresponde a cerca de 10% de todos os diagnósticos da doença registrados no país, segundo o Ministério da Saúde.

O diagnóstico precoce é fundamental para as chances de recuperação das pacientes por meio da mamografia anual a partir dos 40 anos e exames de imagem, estratégia que aumenta a detecção de tumores em estadios iniciais, onde é maior a chance de cura.

Segundo Angélica Nogueira, mulheres com histórico de câncer na família devem ser avaliadas a respeito de câncer hereditário, cenário em que são necessárias estratégias específicas de rastreio.

Mais sobre o câncer do colo do útero

De acordo com Angélica Nogueira, mais de 90% dos casos do câncer do colo do útero estão ligados ao HPV: "Infelizmente, apenas metade das meninas são vacinadas no Brasil e isso pode impactar diretamente no problema. Isso poderia reduzir em até 95% as chances de desenvolvimento da neoplasia".

Desde 2014, a vacina contra o HPV é oferecida gratuitamente nas Unidades Básicas de Saúde no Brasil e está disponível atualmente para todas as crianças e adolescentes de 9 a 14 anos.

"A imunização pode ajudar não só a prevenir o câncer do colo do útero, como também o de vulva, vagina e ânus nas mulheres, de pênis nos homens e de orofaringe em ambos", observa Angélica Nogueira. A vacina também é indicada para pacientes com câncer, HIV e transplantados (em homens e mulheres até 45 anos).

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação