HISTÓRIA

Humanos herdaram o "nariz grande" dos neandertais, diz estudo

Cientistas descobriram que a região do genoma chamada ATF3 é chave para entender as feições do rosto dos humanos

Maria Eduarda Maia*
postado em 11/05/2023 16:45 / atualizado em 11/05/2023 16:45
A personagem Ally (Lady Gaga) do filme 'Nasce uma estrela', que nunca gostou do tamanha do nariz, ficaria aliviada em saber que a culpa é de anos de evolução -  (crédito: Reprodução/YouTube/ Rotten Tomatoes Coming Soon)
A personagem Ally (Lady Gaga) do filme 'Nasce uma estrela', que nunca gostou do tamanha do nariz, ficaria aliviada em saber que a culpa é de anos de evolução - (crédito: Reprodução/YouTube/ Rotten Tomatoes Coming Soon)

Não é incomum encontrar algumas pessoas que se encontram insatisfeitas com alguma parte. Um dos grandes alvos da insatisfação estética geralmente é o tamanho do nariz. Um estudo publicado na revista Communications Biology nesta segunda-feira (8/5) — e orientado pelo doutor em bioestatística Kaustubh Adhikari e pesquisadores da University College London (UCL) —, agora aponta o culpado pelo "nariz grande": o material genético dos neandertais (espécie extinta prima dos humanos, que habitou a Europa e alguns lugares do oeste da Ásia). Os cientistas apontam que os antigos hominídeos tenham desenvolvido narizes grandes para saberem lidar com o frio da Eurásia — área continental dividida por Ásia e Europa.

É possível ler o estudo na íntegra neste link.

A associação genômica de características faciais foi feita com mais de 6 mil voluntários em marcos automáticos de retratos 2D. Foram comparadas informações da genética de cada participante com fotografia e analisado a distância entre cada ponto do rosto — como por exemplo a ponta do nariz e a borda dos lábios — com objetivo de entender a forma como os genes podem ter influência na altura nasal. Embora as imagens em 3D sejam mais informativas, as fotografias 2D tem um padrão potencial de facilitar a coleção de diversas amostras de estudo, apesar de ser trabalhosa.

Com as imagens dos rostos captados, foi possível identificar 33 regiões do genoma — genética em sequência completa de nucleotídeos no DNA. Delas, 26 regiões foram capazes de fazer a comparação com traços de outras culturas, com amostras de asiáticos orientais, europeus e africanos.

A região do genoma chamada ATF3 é chave para entender as feições do rosto dos humanos. No ATF3 fica conservado o fator de transcrição conhecido por estar envolvido no tecido nervoso de regeneração após trauma. Segundo os cientistas, muitas das pessoas que tinham ascendência nativa americana, possuíam esse material genético herdado dos neandertais, assim resultando no aumento da altura nasal.

*Estagiária sob supervisão de Ronayre Nunes

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