PERDÃO

Perdoar e ser perdoado ajuda na saúde mental, reforça estudo

O psicólogo americano Everett Worthington e pesquisadores de outros cinco países chegaram a conclusão de que, quando o perdão é ensinado e praticado, melhora a saúde e o bem-estar de todos os envolvidos no conflito

Maria Eduarda Maia*
postado em 03/05/2023 14:18 / atualizado em 17/07/2023 11:56
Estudo aponta que perdoar ajuda na saúde e no bem-estar -  (crédito: Reprodução/ unsplash/ Helena Lopes )
Estudo aponta que perdoar ajuda na saúde e no bem-estar - (crédito: Reprodução/ unsplash/ Helena Lopes )

Quando trabalhamos o perdão, o estresse associado pelo desentendimento é capaz de diminuir, o que provoca, consequentemente, melhoria na saúde e também no bem-estar. É o que afirma o estudo Intervenção Internacional de Perdão, liderado pelo americano Everett Worthington. Segundo ele, trabalhar a compreensão de que pessoas são diferentes, e as ideias também, é a chave do processo. 

O estudo foi realizado junto com colegas de Worthington espalhado por cinco países — Hong Kong, Colômbia, Indonésia, África do Sul e Ucrânia — e foi publicado em março de 2023. O objetivo é ajudar as pessoas e aconselhar que o perdão é capaz de aliviar a depressão e ansiedade.

Everett desenvolveu a pesquisa com maiores de 18 anos, que tenham sofrido um conflito interpessoal — aquele que surge de uma divergência entre dois ou mais indivíduos. Foram 4.598 participantes de países de todo o mundo, que tiveram de completar exercícios propostos durante duas semanas. Era preciso, por exemplo, explorar sentimentos de raiva e aprender a abandoná-los.

Assim, após esse período, o resultado mostrou que o estudo promoveu o perdão e a redução significativa nos sintomas de depressão e ansiedade entre os envolvidos. Os pesquisadores identificaram mecanismos em que o perdão pode estar relacionado com a melhoria da saúde mental.

Everett destacou a importância de se praticar o ato de absolvição. “O perdão pode mudar a dinâmica do relacionamento e evitar muitas coisas caras que podem acontecer na sociedade”.

Expectativa de vida afetada  

Outro estudo americano (Perdoar para Viver: Perdão, Saúde e Longevidade, de Loren Toussaint), de 2011, revelou que pessoas que só perdoam quando o outro tem a atitude de pedir desculpa primeiro tem uma expectativa de vida menor do que a de quem tem a prática de perdoar incondicionalmente.

A pesquisa concluiu que o perdão é capaz de ajudar em três principais áreas: sono (melhora a qualidade do descanso ao aliviar a fadiga, deixando a pessoa mais leve e tranquila), estresse (reduz o nervosismo, que causam efeitos negativos na pressão arterial e no batimento cardíaco) e no auto perdão (ajudando a deixar as coisas ruins no passado e seguir em frente).

Para a psicóloga brasiliense Islany Guerra, o perdão pode sim ajudar na melhora da saúde mental e emocional. “Perdoar pode ser algo difícil, não é uma tarefa simples e não significa livrar o outro da culpa, mas sim, deixar o sofrimento ir embora. O perdão pode ajudar na melhora da saúde mental e emocional, contribuindo para a superação do sofrimento, da raiva, do rancor e até da ansiedade. Então, sim, o perdão pode ajudar nos sintomas da depressão”.

"Posso dizer que é importante expressar nossas emoções e sentimentos acerca do acontecido. O ato de perdoar não quer dizer se reconciliar com o outro, ou que não houve maltrato na atitude dele, e sim no sentido total da palavra 'perdão', que significa renunciar ao ressentimento. É deixar ir o sentimento negativo, restituindo assim sua paz interior", defende a especialista. 

*Estagiária sob supervisão de Lorena Pacheco

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