Durante o desenvolvimento do corpo humano, alguns problemas podem acarretar o crescimento irregular dos ossos do rosto, o que pode afetar diretamente o bem-estar e a qualidade de vida do indivíduo. Quando essas alterações são na mandíbula, existe a possibilidade delas se manifestarem na forma de prognatismo (mandíbula grande) ou retrognatismo (mandíbula curta). Além disso, também há casos que podem afetar a maxila e as duas partes (maxila e mandíbula) de maneira combinada. Em qualquer uma dessas situações, a cirurgia ortognática é o procedimento mais adequado para corrigir essas alterações ósseas.
O cirurgião plástico e crânio-maxilo-facial do Hospital São Lucas, Geraldo Capuchinho, ressalta que o procedimento é considerado estético-funcional e que as consequências positivas não ocorrem apenas nos primeiros anos após a cirurgia. “Os benefícios são para a vida toda e não se limitam à parte dentária e à estética facial. A ortognática pode atenuar, também, as disfunções na fala, na mastigação, na deglutição e nos distúrbios do sono, uma vez que atua na posição dos músculos supraglóticos, que ficam na parte superior do pescoço. Além disso, pode haver melhora nas condições ventilatórias dos nasais, já que o nariz se apoia na maxila”, diz. O cirurgião pontua, entretanto, que a rinoplastia (plástica do nariz e do septo) pode ser necessária em alguns casos para tratar os distúrbios nessa área.
Com as consequências positivas nas funções dos ossos e dos músculos cérvico-faciais, o equilíbrio harmônico do rosto também pode ser restabelecido, contribuindo significativamente para recuperar a autoestima do paciente. “Situações simples do dia a dia, como sorrir para fotos ou se olhar no espelho, se tornam um problema para pessoas que apresentam essas deformidades. Devolver a segurança com o seu aspecto facial é um ganho importante proporcionado pela ortognática”, destaca Capuchinho.
Como funciona o procedimento cirúrgico
O procedimento é feito, de fato, após o reposicionamento dentário pré-existente, por meio de aparelhos ortodônticos fixos ou alinhadores invisíveis, sob os cuidados de um ortodontista. A cirurgia acontece dentro da cavidade bucal, evitando cicatrizes aparentes e, dependendo do porte, da recuperação anestésica e de características de cada indivíduo, a alta pode acontecer no dia seguinte.
Simplificando, existem três classes de alterações dentofaciais nos pacientes candidatos à cirurgia ortognática. A classe I serve como referência para as demais, pois indica o posicionamento correto da arcada dentária e a relação equilibrada entre a maxila e a mandíbula. A classe II ocorre quando a maxila está situada muito à frente da mandíbula. Já a classe III ocorre quando há o inverso da classe II, ou seja, a mandíbula está à frente da maxila.
O período pós-operatório costuma se prolongar por alguns meses e é preciso seguir todas as orientações médicas. O paciente passa por alguns incômodos nesse período, como inchaço facial, dores moderadas na articulação têmporo-mandibular e alguma dificuldade para abrir e fechar a boca, mas os sintomas diminuem nos dias seguintes ao procedimento e com os cuidados de fisioterapia e fonoaudiologia.
É importante manter o repouso e voltar às atividades de forma gradual, sempre após a orientação médica. Além disso, as complicações são raras, o que torna o procedimento bastante seguro e eficiente.