Cannabis

Uso de maconha não está associado ao desenvolvimento de psicose, diz estudo

O novo estudo vai à contramão de uma pesquisa anterior que relacionou o aumento do risco de psicose e dependência de cannabis de alta potência

Cecília Sóter
postado em 19/07/2023 13:14 / atualizado em 19/07/2023 13:14
Uso de cannabis está ligado à menor gravidade dos sintomas da Covid -  (crédito: Chuck Herrera/Pixabay)
Uso de cannabis está ligado à menor gravidade dos sintomas da Covid - (crédito: Chuck Herrera/Pixabay)

Um novo estudo, conduzido por uma equipe de pesquisadores da Austrália e da Europa, publicado na revista científica National Library of Medicine aponta que o uso de cannabis não está associado a um risco aumentado de desenvolver psicose, mesmo entre aqueles predispostos ao transtorno.

Embora especialistas tenham argumentado no passado que a ligação entre psicose e cannabis é exagerada, outro estudo publicado no ano passado relacionou o aumento do risco de psicose e dependência de cannabis de alta potência.

O novo estudo, no entanto, compartilha outra perspectiva, descobrindo que o uso de cannabis não está associado a um risco aumentado de desenvolver psicose, mesmo entre aqueles predispostos ao distúrbio. Os autores afirmam que houve “estudos prospectivos limitados” sobre o tema e que “a direção dessa associação permanece controversa”.

O objetivo principal da nova pesquisa é “examinar a associação entre o uso de cannabis e a incidência de transtornos psicóticos em pessoas com alto risco clínico de psicose”. Além de avaliar as associações entre “o uso de maconha e a persistência de sintomas psicóticos e com o resultado funcional”.

Para este estudo, os pesquisadores avaliaram a relação entre o uso de cannabis e a incidência de transtornos psicóticos em indivíduos clinicamente em risco. O estudo analisou 334 indivíduos com alto risco de desenvolver psicose, juntamente com 67 controles saudáveis no início do estudo. A equipe acompanhou os participantes durante um período de dois anos usando uma versão modificada do Cannabis Experience Questionnaire.

Durante o acompanhamento, 16,2% da amostra clínica de alto risco desenvolveu psicose. Dos que não desenvolveram psicose, 51,4% apresentaram sintomas persistentes e 48,6% estavam em remissão.

“Não houve associação significativa entre qualquer medida de uso de cannabis no início do estudo e a transição para psicose, a persistência dos sintomas ou o resultado funcional”, afirmaram os pesquisadores.

Eles acrescentaram que os resultados “contrastam com dados epidemiológicos que sugerem que o uso de cannabis aumenta o risco de transtorno psicótico”.

Este novo estudo corrobora com o resultado de outras duas pesquisas. Um estudo de 2022 publicado no Canadian Journal of Psychiatry analisou dados de emergência relacionados à psicose induzida por cannabis. Os pesquisadores concluíram que a implementação do programa de legalização da cannabis no Canadá “não foi associado a evidências de mudanças significativas em psicose induzida por cannabis ou apresentações de esquizofrenia.”

Um estudo semelhante, publicado em janeiro de 2023 no Journal of the American Medical Association, investigou a mesma questão em relação aos Estados Unidos, analisando dados de 2003 a 2017. Os pesquisadores chegaram à mesma conclusão: “Os resultados deste estudo não não apóiam uma associação entre as políticas estaduais que legalizam a cannabis e os resultados relacionados à psicose”.

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