Bruno Babetto, médico pós-graduado em endocrinologia e metabologia da clínica Tivolly
O que pode explicar o aumento mundial nos casos de diabetes?
O diabetes tipo 2 é uma das emergências de saúde global que mais cresce no século 21. Esse aumento é impulsionado pelo envelhecimento da população, desenvolvimento econômico e aumento da urbanização, levando a estilos de vida mais sedentários e a maior consumo de alimentos não saudáveis associados à obesidade. No estudo publicado na Nature Medicine, os maiores índices de diabetes tipo 2 foram atribuídos à ingestão insuficiente de grãos, à ingestão excessiva de arroz refinado, trigo e carne processada. Ademais, em geral, nos países em desenvolvimento, a doença atribuível à dieta foi geralmente maior entre residentes urbanos versus rurais e em indivíduos com maior escolaridade versus com menor escolaridade. Ou seja, o estudo corrobora com a preocupação global de médicos, cientistas, gestores públicos e sociedade em geral acerca do crescente e alarmante número de pessoas atingidas pelo diabetes tipo 2.
Como deve ser a alimentação do paciente de diabetes 2?
A terapia nutricional é uma das partes mais desafiadoras do tratamento, com impacto decisivo na obtenção e na manutenção do controle glicêmico. Entende-se por terapia nutricional não somente a educação alimentar ou o controle de peso, especialmente por meio de uma alimentação saudável, mas também mudanças de estilo de vida (mais ativo e menos sedentário). Além de ser essencial para a obtenção do bom controle glicêmico, a terapia nutricional é decisiva para o sucesso da terapia farmacológica. As medicações são um suporte importante no tratamento. Mas o que deve ocorrer é a verdadeira mudança no estilo de vida.
Quais as implicações do estudo para políticas de saúde pública?
O Brasil tem cerca de 15,7 milhões de pessoas com a doença, mais de 14 milhões com tipo 2, ocupando o sexto lugar no ranking mundial. A estimativa para 2045 é de que mais de 23 milhões de pessoas terão diabetes no país, segundo o último Atlas do Diabetes da International Diabetes Federation. Esses milhões de brasileiros necessitam de orientações específicas para o planejamento e mudanças de hábitos alimentares e no estilo de vida. O diabetes continua a ser um desafio sério e crescente para a saúde. Pessoas que vivem com a doença correm o risco de desenvolver várias complicações debilitantes e potencialmente fatais, levando a uma maior necessidade para cuidados médicos, qualidade de vida reduzida e morte. Globalmente, o diabetes está entre as 10 principais causas de mortalidade. Por isso, políticas públicas que promovam o diagnóstico precoce (controle da pressão arterial, do colesterol e do peso), bem como a educação quanto a alimentação saudável, menor ingestão de alimentos processados, e promoção de vida ativa (atividades físicas regulares, combate ao sedentarismo e ao sobrepeso), são essenciais no tratamento.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.