A geração Z tem adotado novos hábitos na internet. Pelo menos é o que indica um estudo realizado com 600 pessoas publicado pela revista Dazed studio — chamado de The future of social media (que você pode ler na íntegra neste link) —, no fim de março. O tempo de uso de aplicativos de mídia social tem reduzido entre os usuários na faixa etária de 19 e 25 anos.
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Essa mudança de comportamento já havia sido notada pela Pew Research Center — e inclusive com dados usados no estudo publicado na Dazed —, que mostra já desde 2019 os jovens dessa faixa etária com menos tempo de uso das mídias sociais.
Mudança de hábitos pode estar relacionada a teoria que busca o equilíbrio
A "virada de chave" para esses jovens pode estar relacionada a enantiodromia. O termo foi criado pelo filósofo Heráclito para explicar que uma grande força em uma direção gera uma força no sentido oposto. A psicóloga Luisa Araruna Engel, psicanalista pelo Instituto de Estudos do Psiquismo, explica melhor: “Imagine, por exemplo, que você foi criado dentro de uma família extremamente proibitiva, com um pai autoritário, num ambiente sem diálogo. E bem possível, que por essa lógica da enantiodromia, que em algum momento você desperte para um estilo de vida que manifeste o oposto. Liberdade, muita permissividade e muito diálogo”.
A maioria dos jovens entrevistados no estudo falaram sobre a mudança de foco, principalmente da mudança de prioridades na vida, que se voltaram para a saúde física e mental, houve também o questionamento sobre o valor da integridade das mídias sociais e a exploração dos dados dos usuários. Luisa relata que para os teóricos da enantiodromia “é possível que a Geração Z tenha começado a sentir as consequências do excesso de uso de mídias sociais, como vícios, alterações de humor, insônia, relacionamentos superficiais, dependência afetiva através do 'like', personalidades frágeis e muito mais”.
A psicóloga reforça que esse comportamento pode estar relacionado a busca de novas estratégias de equilíbrio: "O retorno à natureza e a atividades físicas como caminhadas, yoga, crossfit, a melhora da alimentação e o aumenta por busca de psicoterapia, pode-se apostar nessa lógica de que mais uma vez estamos passando por uma transição cultural num movimento de busca do equilíbrio e da regulação (em relação as redes sociais)".
O estudo publicado pela Dazed aborda em uma das conclusões, que essa faixa etária busca qualidade de informações ao invés de conteúdos superficiais: “A Geração Z está buscando um envolvimento mais lento e consciente com informações. O conteúdo de alta qualidade que vale a pena gastar tempo está ganhando espaço com este grupo, aumentando a popularidade de formato de blogs e vídeo. As plataformas de vídeo curto estão expandindo as funcionalidades para acomodar conteúdo de formato mais longo, conforme o interesse continua a crescer”.
*Estagiário sob supervisão de Ronayre Nunes
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