Idealizada em 2016 pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia, a campanha Abril Marrom surgiu com o intuito de conscientizar a população sobre a prevenção, o combate e a reabilitação às diversas doenças que podem acometer os olhos e levar à perda irreversível da visão. O mês foi escolhido por conta do 8 de abril, quando é comemorado o Dia Nacional do Sistema Braille. Já a cor marrom foi a definida por ser a cor de íris mais comum nos olhos dos brasileiros.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgados em 2019, no mundo todo pelo menos 1 bilhão de pessoas apresentam deficiência visual não tratada. Entre 60% e 80% dos casos de cegueira no mundo poderiam ter sido evitados se houvesse diagnóstico médico precoce e tratamento adequado.
Os números apontam que, desses 1 bilhão de pessoas, 94 milhões de pessoas teriam perdido a visão causada por catarata, 7,7 milhões por glaucoma, 4,2 milhões por opacidades da córnea, 3,9 milhões por retinopatia diabética e 2 milhões por tracoma. Desta forma, a estimativa é de que 60% da população poderia ter a visão preservada com medidas preventivas ou tratamentos adequados.
As possibilidades de prevenção são inúmeras, por isso, a necessidade de se manter em dia com as consultas de prevenção. “Ir ao oftalmologista rotineiramente é essencial para prevenir e diagnosticar precocemente catarata, glaucoma, retinopatia diabética e a degeneração macular relacionada à idade (DMRI), que estão entre as principais doenças oculares que podem levar à cegueira. Descobrir essas afecções logo no princípio é fundamental para nortear tratamentos que garantam a manutenção da visão e a qualidade de vida do paciente”, alerta o oftalmologista Vinicius Kniggendorf, especialista em retina do Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB), do Grupo Opty.
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Doenças que ocasionam a cegueira
Um dos principais causadores da cegueira irreversível é o glaucoma. Degenerativa, a doença danifica as células do nervo óptico progressivamente e não tem cura, mas pode ser controlada. Evolui silenciosamente e, geralmente, o paciente só percebe que tem dificuldade em enxergar quando o problema está em um estágio bem avançado.
Entre os principais fatores de risco está o aumento da pressão intraocular, mas o histórico familiar, miopia elevada, diabetes, idade avançada e estresse também devem ser observados. “Caso detectado a tempo, o tratamento adequado e contínuo pode interromper a perda da visão. Na maioria dos casos, é necessário o uso de colírios específicos diariamente. Porém, com o avanço de novas tecnologias, hoje é possível oferecer ainda procedimentos cirúrgicos, como o SLT (trabeculoplastia seletiva a laser) e o iStent, um microdispositivo que pode reduzir com eficácia a pressão intraocular”, lembra o oftalmologista Vinicius Kniggendorf.
Outra questão recorrente é a degeneração macular, que está relacionada à idade. Essa é uma doença crônica progressiva que ocorre na parte central da retina chamada mácula e que leva à perda gradual da visão central. Ainda que as condições ambientais, alimentação e predisposição genética também devam ser considerados, o principal fator a ser observado é a idade. O problema afeta 10% de pacientes entre 66 e 74 anos, e 30% com mais de 75 anos.
Reversível com cirurgia, a catarata é uma das doenças mais comuns e provoca uma perda progressiva da visão, sendo responsável por 47,8% dos casos de cegueira em todo o mundo. De acordo com a Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO), 17% das pessoas com até 65 anos e 47% dos que têm entre 65 e 74 anos têm catarata.
A SBO calcula ainda que surjam 550 mil novos casos da doença por ano no Brasil. Com o avanço da idade, as fibras do cristalino aumentam de diâmetro e espessura, provocando a princípio presbiopia, popularmente conhecida como vista cansada. A doença evolui lentamente, embaçando a visão até a pessoa enxergar apenas luzes e vultos, podendo ocorrer cegueira se não tratada.
"Muitos pacientes têm receio de passar por uma cirurgia e só procuram o oftalmologista quando já estão sentindo os efeitos da doença, com a visão embaçada e fora de foco. Mas a técnica que utilizamos hoje, em que o cristalino opacificado é substituído cirurgicamente por uma lente intraocular artificial transparente, praticamente não altera a rotina da pessoa. Quanto mais cedo descobrimos o problema, melhor, pois podemos restituir integralmente a visão”, explica Kniggendorf.
Apesar de pouco comum, o tracoma também pode acarretar na cegueira. A doença inflamatória ocular é uma espécie de conjuntivite, causada pela bactéria Chlamydia trachomatis, sendo a principal causa de cegueira infecciosa. No Brasil, o Ministério da Saúde estima que ele seja responsável por prejuízos visuais em 1,9 milhões de pessoas, das quais 450 mil apresentam cegueira irreversível. A doença está diretamente relacionado com as precárias condições de vida, de saneamento e acesso à água.
“As crianças são as mais suscetíveis à infecção e inclusive às reinfecções, já que não se observa imunidade natural ou adquirida à bactéria. O tratamento recomendado é a base de antibiótico, contudo, a prevenção é fundamental. Ou seja, medidas como a adoção de hábitos adequados de higiene e o não compartilhamento de objetos de uso pessoal são essenciais para o controle dessa doença”, alerta o Dr Vinícius Kniggendorf.
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